Desde a primeira menstruação, conhecida como menarca, até a última, a mulher vivencia alguns ritos de passagem que envolvem variações hormonais, como as gestações e o climatério e a menopausa.
Ao cruzar a linha dos 40 anos, muitas já começam a se preparar para a menopausa e precisam lidar com muitas mudanças físicas e emocionais que chegam quando o corpo feminino se prepara para o fim da capacidade reprodutiva.
Mas isso não significa que seja algo complexo ou problemático na vida da mulher. Por isso, para tirar as principais dúvidas dessa questão, a médica Cristina Bianchi* traz mais informações. Acompanhe a leitura!
Qual é a diferença entre menopausa e climatério?
A menopausa nada mais é do que a última menstruação da mulher, enquanto o climatério é um período mais longo que se inicia, em média, 2 anos antes da menopausa e que é caracterizado pelo inicio dos sintomas – irregularidade menstrual, fogachos, insônia , dores articulares – , e que perdura por , e média, mais 2 anos após a parada definitiva da menstruação .
“O climatério começa quando a quantidade de óvulos já está muito baixa e com isso o corpo enfrenta dificuldades em manter as ovulações. Os níveis dos hormônios ovarianos vão caindo progressivamente até que ocorra o final das atividades ovarianas, marcado pela menopausa”, explica a médica Cristina Bianchi.
Com os impactos dos sintomas sendo sentidos diariamente pelas mulheres que adentram a fase do climatério, muitas buscam soluções que possam aliviar este período.
Veja também: As mudanças na vida sexual durante e após a menopausa
Como saber se já estou no climatério?
Não existe uma idade certa para a manifestação dos primeiros sintomas dessa mudança, mas ela aparece entre 45 e 55 anos, podendo em alguns casos, aparecer antes ou depois dessa faixa etária. Mas como você pode identificar que está iniciando nessa fase?
A seguir estão listados alguns sintomas comuns para te ajudar no processo de identificação, mas é válido ressaltar que apenas um médico especializado poderá fazer o diagnóstico correto.
1. Alterações do ciclo menstrual
Com a aproximação da menopausa, notamos primeiramente um encurtamento do ciclo – isto é , mulheres com ciclos de 28 dias passam a ter ciclos de 26-24 dias- , e com o passar dos anos aparecem as falhas e a irregularidade e por fim a menopausa.
2. Ondas de calor – Fogachos
O fogacho é o sintoma mais especifico do climatério e é causado pela falta ou baixa produção do hormônio estrogênio pelos ovários .
É um fenômeno vascular onde a mulher subitamente e por alguns minutos sente uma sensação de calor intenso , sudorese e , as vezes, tontura .
3. Insônia
Os distúrbios do sono são muito comuns no climatério , tanto a dificuldade em pegar no sono como o despertar precoce .
4. Diminuição de libido e desanimo
Junto com as flutuações dos hormônios femininos , podemos apresentar também flutuações dos hormônios masculinos , como a testosterona . O que contribui para a queda da libido sexual e com o desanimo.
5. Modificações de comportamento
O período do climatério é uma das grandes mudanças que acontecem na vida da mulher e ela pode alterar o humor e, muitas vezes, traços da personalidade imediata do indivíduo. Por exemplo, é possível que a irritabilidade seja marcante, emocional instável, entre outros.
Veja também: As mudanças na vida sexual durante e após a menopausa
Como lidar com os sintomas?
O recurso inicial utilizado pelos médicos é a reposição hormonal. No entanto, nem todas as pacientes querem ou até mesmo podem utilizar hormônios. Por conta disso, é necessário ressaltar que existem alternativas como:
- fitoterápicos;
- acupuntura;
- medicamentos não hormonais.
Além de todas as opções disponíveis, a Dra. Cristina Bianchi também aponta algo essencial para as mulheres que desejam amenizar mais os sintomas dessa fase. “Sem dúvida um estilo de vida saudável, alimentação limpa e exercícios físicos regulares são a base para que você enfrente os sintomas [do climatério]”, compartilha.
Sempre é importante que faça uma consulta com o seu médico para estudar alternativas que se adequem melhor ao seu corpo e realidade.
O climatério pode acarretar em disfunções sexuais como o vaginismo?
Um outro fator que pode acompanhar o climatério é a ocorrência de disfunções sexuais, influenciando a vida sexual de algumas mulheres. Isso acontece em virtude da Síndrome Urogenital, que atinge cerca de 50% das mulheres após a chegada do climatério.
“O que ocorre é uma perda de vitalidade da região íntima. Sintomas como secura , coceira e ardência vaginais se estabelecem e geram dor e dificuldade na relação sexual” , alerta a especialista
Quando a mulher passa a ter desconforto para ter relações sexuais , naturalmente surge um sentimento de medo e apreensão nas futuras relações sexuais – o medo de sentir dor provoca uma contratura involuntária dos músculos perineais , o que piora muito a dor na penetração e leva a essa mulher para um ciclo vicioso – MEDO DA DOR – CONTRAÇÃO DOS MUSCULOS PERINEAIS – MAIS DOR NA RELAÇÃO – MAIS MEDO – MAIS CONTRAÇÃO.
Diante desse contexto, muitas mulheres acabam enfrentando uma baixa libido durante este período, o que também pode ocorrer mediante uma série de fatores, que envolvem tanto a parte biológica como questões psicológicas e até mesmo sociais.
No caso biológico, o desejo sexual pode ser influenciado pela diminuição do estrogênio e da testosterona , além da diminuição da lubrificação vaginal, o que ocasiona os problemas vistos anteriormente.
No entanto, ainda que o climatério seja inevitável, é importante saber que quanto antes os sintomas forem tratados, com o acompanhamento médico correto, menor será o desconforto sentido sobretudo na parte sexual, possibilitando um maior controle do quadro.
Além disso, as consultas com especialistas também são necessárias, pois todo o corpo da mulher pode sofrer os impactos deste período.
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Qual é a relação entre transição menopáusica e doenças cardiovasculares?
Os sintomas do período transitório entre o climatério e a menopausa são resultado das alterações hormonais que o organismo feminino enfrenta, entre elas a mudança nos níveis dos hormônios estradiol, progesterona e tireoidiano, que regulam algumas funções vitais do corpo humano.
Durante essa fase, a regularidade das consultas ginecológicas são muito importantes tanto para tratar os sintomas acarretados pelo climatério como para monitorar a possibilidade do desenvolvimento de algumas doenças, como o câncer de mama, o mais comum entre as mulheres, como também os problemas cardiovasculares.
Nas alterações ligadas ao coração, o principal impacto é por conta da diminuição dos níveis de estrogênio, hormônio que tem uma ação protetiva das artérias e do coração, estimulando a flexibilidade e dilatação dos vasos que facilitam o fluxo sanguíneo para o músculo do coração.
Com a parada definitiva da menstruação, a mulher perde essa proteção, ficando mais exposta a possibilidade ao risco de problemas cardíacos. Entre eles é possível citar a doença arterial coronária e o infarto do miocárdio.
Após 10 anos da menopausa , em uma mulher sem reposição hormonal, o risco cardiovascular se iguala ao de um homem da mesma faixa etária.
É importante ressaltar que a menopausa não causa doenças cardiovasculares. Porém, as alterações hormonais vivenciadas nesse período podem desencadear ou elevar as chances de problemas cardíacos.
Por isso, é de suma importância que as mulheres realizem acompanhamentos com um especialista que esteja atento às necessidades específicas de cada paciente e que indique tratamentos adequados para cada caso.
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*Dra. Cristina Bianchi é médica Ginecologista formada pela USP. Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pela FMUSP. Título de Especialista de Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO. Pós Graduação em Medicina Estética pela BWS. Laser íntimo e prevenção da Sd Urogenital desde 2014
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