Muitas vezes durante a infância, é comum ouvir a seguinte frase “isso é dor de crescimento” quando as crianças se queixam de incômodos na região das pernas, principalmente abaixo dos joelhos.
O termo, já popularizado, não é incorreto. A dor de crescimento existe e atinge entre 10% a 20% das crianças, aparecendo normalmente após a prática de atividades físicas ou à noite, concentrando-se na região anterior da perna, posterior do joelho, panturrilha e coxas.
Neste artigo, a Dra. Giovanna Bertucci vai nos ajudar a entender melhor sobre a dor de crescimento e como ela afeta as crianças. Acompanhe a leitura!
O que é dor do crescimento?
Apesar do nome, a dor de crescimento não tem relação científica com a fase do crescimento físico em si. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) o termo é utilizado para diferenciar esse incômodo sentido pelas crianças de outras doenças que podem ter sintomas parecidos.
Ou seja, a dor de crescimento é um termo utilizado para descrever a sensação que algumas crianças sentem nas pernas durante o período de crescimento, atingindo principalmente crianças entre 3 e 12 anos. No entanto, a dor pode afetar pessoas até os 18 anos.
A Dra. Giovanna Bertucci explica que a dor de crescimento não é uma doença e também não se apresenta de maneira intensa.
“Apesar de ser chamada de ‘dor’, na maioria dos casos esses sintomas se manifestam como uma sensação incômoda, esticando ou latejando nas pernas, e podem ser aliviados com massagens, alongamentos e analgésicos simples. A dor do crescimento não é uma doença e não costuma representar um problema grave para a saúde da criança, mas é sempre recomendado consultar um médico em caso de dúvidas ou sintomas mais intensos”, diz ela.
Assim, a dor de crescimento é comum, dentro de um nível tolerável, em crianças nos dias agitados com prática de exercício físico ou após longas horas de brincadeiras.
Por esses motivos, as dores costumam aparecer à noite quando o corpo da criança já está mais relaxada para dormir. Raramente a dor vem no meio da noite, podendo acordar a criança em virtude do incômodo sentido.
Quais são as suas causas?
Dentro da medicina, não se sabe exatamente o que causa a dor de crescimento, uma vez que não existe um padrão para ela se manifestar ou muito menos ser uma doença.
Contudo, existem alguns fatores que aumentam o risco da dor de crescimento atingir as crianças, entre eles:
- A idade (normalmente entre 3 e 12 anos);
- Histórico familiar;
- Atividade física extrema;
- Estirões de crescimento (momentos em que a criança cresce mais velocidade).
Lembrando que as dores de crescimento ocorrem nos membros inferiores e costumam ser intermitentes, ocorrendo à noite ou à tarde, mas desaparecendo pela manhã.
Apesar de não existir uma causa específica para a dor de crescimento, existem hipóteses que relacionam o aparecimento da dor com o uso excessivo da musculatura ao longo do dia.
Nesse sentido, ela pode surgir como uma resposta a demanda muscular das crianças ao praticarem atividades como corridas, saltos, longas caminhadas ou escaladas.
Dessa forma, o surgimento da dor vem porque a musculatura das crianças é menos preparada para suportar atividades intensas.
É comum também que os pais ou um deles tenha tido um quadro semelhante durante a infância, fator que pode influenciar na dor de crescimento dos filhos.
Quais os principais sintomas ?
A dor de crescimento ocorre nas coxas, panturrilhas, tíbias e atrás dos joelhos. São raros os casos em que as crianças também sentem desconforto nos braços.
Contudo, os principais sintomas que aparecem são:
- Dores intensas nas pernas;
- Dores durante ao final do dia e à noite;
- Dor que interfere nas atividades do dia a dia;
- Sensibilidade ou vermelhidão na região afetada;
- Dor nas articulações das pernas;
- Inchaço na região afetada;
- Dificuldade de caminhar ou correr.
Ao notar a presença dos sintomas, é necessário procurar um médico, para que ele possa analisar o quadro da criança e verificar a possibilidade dos sinais estarem ligados a alguma outra doença.
Além dos sintomas citados, a dor de crescimento possui características próprias, como:
Localização
Como já citado, a dor de crescimento aparece em locais específicos, sendo mais comum na parte inferior do corpo, principalmente nos joelhos.
Lembrando: em casos raros, a criança também pode sentir desconforto nos braços simultaneamente ao sentido nas pernas.
Intensidade
A dor de crescimento tende a ser de leve a moderada, variando de intensidade a depender do caso. Por isso, é importante estar atento às dores mais severas, que podem estar relacionadas a outras doenças.
Horário de ocorrência
À noite ou no final da tarde são os períodos em que a dor de crescimento afeta as crianças. O desconforto pode durar alguns minutos ou algumas horas.
Frequência
A dor pode ser intermitente, ocorrendo em episódios esporádicos durante um período de tempo variável.
Apesar dos sintomas se apresentarem de forma semelhante nas crianças, a Dra. Giovanna ressalta a importância de analisar os casos de forma única: “Cada criança pode apresentar sintomas diferentes e a dor pode variar em intensidade e localização”.
Por isso, é importante também que a criança seja consultada por um pediatra que possa indicar o uso de remédios ou fisioterapia para aliviar o desconforto.
Como aliviar as dores de crescimento?
Para amenizar o desconforto das dores de crescimento, os pais devem buscar acolher os filhos fazendo massagens nas regiões doloridas para aliviar a pressão do incômodo. Em casos mais extremos, o uso de analgésico é recomendado para melhorar a situação da criança.
Diante do cenário, a Dra. Giovanna traz algumas indicações para aliviar a dor de crescimento, incluindo:
- Massagem: massageie as pernas da criança para ajudar a relaxar os músculos e aliviar a dor;
- Alongamento: a realização de exercícios de alongamento antes de dormir pode ajudar a prevenir a dor do crescimento;
- Banhos quentes: tomar um banho quente antes de dormir pode ajudar a relaxar os músculos e reduzir a dor;
- Analgésicos simples: o uso de analgésicos como paracetamol ou ibuprofeno pode ajudar a aliviar a dor;
- Aplicação de calor: colocar uma bolsa de água quente ou compressa morna na área dolorida pode ajudar a diminuir a dor;
- Redução de atividades intensas: se a atividade física for a causa da dor, é importante reduzir a intensidade das atividades realizadas pela criança.
No entanto, embora a redução de exercícios seja recomendada, é necessário pontuar que a criança não deve suspender todas as atividades físicas por conta da dor de crescimento. O ideal é que a criança permaneça ativa, mas sem exagerar.
Como não confundir a dor do crescimento com problemas mais graves?
A dor de crescimento é um diagnóstico utilizado para descartar problemas de saúde mais graves que podem atingir o público infantil. Por esse mesmo motivo, é importante saber diferenciar quando se está sentindo a dor do crescimento ou quando pode haver um problema mais sério por trás dos desconfortos sentidos.
Mas como saber? O mais importante é estar atento aos sinais apresentados pela criança e sempre procurar um médico para ter um diagnóstico concreto.
Por exemplo, quando a dor de crescimento se manifesta, ela costuma atingir ambas as pernas da criança. Caso a criança sinta uma dor muito intensa em apenas uma das pernas, é essencial levá-la ao médico para que o caso seja analisado.
“Não existem exames que realizem o diagnóstico preciso da dor do crescimento, é o que chamamos de diagnóstico de exclusão. Através de exames de imagem e laboratoriais, excluem-se reumatológicas, hematológicas, oncológicas, por exemplo. Não encontrando outras causas para as dores, conclui-se ser a dor do crescimento”, explica a Dra. Giovanna.
Uma vez que for comprovado o diagnóstico da dor de crescimento, não há motivo para se preocupar. Portanto, não há porque ficar com medo da possibilidade do filho ter alguma doença grave. É uma dor comum e vai embora com o passar do tempo.
Veja também:Musculação na infância: as vantagens e a importância do acompanhamento regular
*Dra. Giovanna Bertucci Moreira é médica Ortopedista formada Universidade José do Rosário Vellano, UNIFENAS. Possui Especialização em Ortopedia Pediátrica e Especialização Neuromuscular pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
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