O setor de recursos humanos e as empresas em todo o país enfrentam um aumento acentuado no afastamento de empregados devido a transtornos de saúde mental. Conforme o Ministério da Previdência Social, o afastamento por motivos relacionados à saúde mental subiu 38% em 2023, destacando a necessidade urgente de uma abordagem mais robusta para o bem-estar no local de trabalho.
O aumento expressivo reflete a crescente conscientização sobre questões de saúde mental e a importância de enfrentar esses desafios no ambiente profissional. Empresas de todos os setores estão sendo chamadas a reavaliar suas políticas, práticas e apoio aos profissionais, à medida que a saúde mental se torna uma prioridade cada vez mais evidente.
Este aumento significativo é atribuído a vários fatores, incluindo o impacto contínuo da pandemia, mudanças rápidas no ambiente de trabalho e a pressão constante sobre os profissionais para se adaptarem a novos modelos de trabalho. Em um estudo produzido pela Pipo Saúde, corretora de saúde que auxilia departamentos de RH, 48% dos entrevistados têm risco de saúde mental, 44% sofrem de insônia, 66% sofrem de sedentarismo e 60% estão com sobrepeso por não se adaptarem ao novo ritmo de trabalho pós-pandêmico.
“O ano de 2023 teve como premissa um novo respiro de normalidade, depois dos anos de pandemia. E com isso o retrocesso, empresas voltando ao presencial, abolindo o regime home office e sobrecarregando seus colaboradores. Não dá mais para ignorar e seguir operando com o mesmo pensamento pré-pandêmico. Esta atitude só vai piorar o esgotamento e afastamento em massa”, comenta a psicanalista e Presidente do Ipefem (Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas), Ana Tomazelli.
O estigma em torno das questões de saúde mental também está diminuindo, levando a uma maior conscientização e busca por ajuda individual, visto que, a maioria das empresas não contribui ativamente para reverter esses números.
A pesquisa da Pipo ressalta que apenas 36,2% das empresas com até 500 colaboradores oferecem algum benefício de saúde mental ou implementam programas de bem-estar, oferecendo recursos de saúde mental e promovendo uma cultura que valoriza o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
“É crucial que as organizações reconheçam a importância da saúde mental e ataquem os ofensores: altíssima demanda, ambiente tóxico e recompensas desequilibradas, além de dar suporte adequado aos seus profissionais” enfatiza Ana. A especialista acrescenta que só será possível reverter esses números se houver uma educação começando pelos líderes, para que a empresa reveja seus processos e se adapte.
“Se o topo da hierarquia abordar essas questões de frente, as empresas não apenas melhoram o bem-estar de seus times, mas também fortalecem a resiliência e a produtividade da equipe. Pessoas doentes refletem um ambiente doente” declara Ana.
À medida que as discussões em torno da saúde mental no local de trabalho continuam a ganhar destaque, espera-se que empresas adotem medidas mais proativas para criar ambientes de trabalho mais saudáveis e apoiar seus funcionários em meio a desafios emocionais.
Veja também: Síndrome de burnout: como as empresas podem prevenir e lidar com o tema
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Ipefem
Fundado em 2019, o Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas – Ipefem atua em três pilares, que podem acontecer coordenadamente ou individualmente: pesquisa, educação e terapia. Em Pesquisas, considera-se todas as modalidades técnicas de pesquisa que considerem recortes por gênero, orientação sexual e saúde mental. Em Educação, o instituto tem a Comunidade Ipê, uma plataforma de educação à distância, baseada em Lifelong Learning, dedicada a aulas expositivas e micro conteúdos de impacto. Em Terapia, o instituto já atendeu milhares de pessoas, oferecendo apoio terapêutico individual ou em grupo, podendo ser atendimentos gratuitos ou com valores simbólicos acessíveis. Saiba mais: https://ipefem.org.br/
Ana Tomazelli, psicanalista e Presidente do Ipefem (Instituto de Pesquisas & Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas), uma ONG de educação em saúde mental para mulheres no mercado de trabalho. Mentora de Carreiras, Executiva em Recursos Humanos, por mais de 20 anos, liderou reestruturações de RH dentro e fora do país. Com passagens pelas startups Scooto e B2Mamy, além de empresas tradicionais e consolidadas como UHG-Amil, Solera Holdings, KPMG e DASA (Diagnósticos da América S/A). Mestranda em Ciências da Religião pela PUC-SP e membro do grupo de pesquisa RELAPSO (Religião, Laço Social e Psicanálise) da Universidade de São Paulo, também é pós-graduada em Recursos Humanos pela FIA-USP e em Negócios pelo IBMEC-RJ. Formada em Jornalismo pela Laureate – Anhembi Morumbi. | @ipefem
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