A ansiedade é uma doença que pode ter vários efeitos negativos na vida de uma pessoa, muitas vezes sendo um fator limitante para realização de atividades comuns e diárias.
Saber como lidar com essas questões é essencial para o bem-estar de quem sofre com isso. Por isso, neste conteúdo, você conhecerá mais sobre os níveis de ansiedade, formas de tratamento e como evitar crises.
A médica psiquiatra Dra. Susana Tamega* também esclarece as principais questões sobre o tema. Acompanhe a leitura!
Existem níveis diferentes de ansiedade?
A ansiedade é uma condição sentida por todos os seres humanos, sendo uma resposta emocional a determinadas situações da vida, como o primeiro dia em um novo emprego ou uma viagem muito aguardada. Ou seja, ela é um sinal de alerta emitido pelo organismo diante de algo desconhecido.
Contudo, existem casos em que a ansiedade se torna excessiva, ultrapassando os limites considerados normais e tornando-se uma barreira para a realização de atividades comuns na vida de uma pessoa. Em casos assim, ela passa a ser um problema.
“A ansiedade é uma resposta emocional normal que todos experimentamos em determinados momentos. No entanto, quando a ansiedade se torna excessiva e interfere significativamente em nossa vida cotidiana, ela pode ser considerada um transtorno de ansiedade”, destaca a médica.
Por isso, existem diferentes tipos de transtorno de ansiedade, com sintomas próprios e diferentes níveis de gravidade. Alguns exemplos incluem transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de estresse pós-traumático.
Assim como em outras doenças psiquiátricas, existem fatores que interferem no desenvolvimento e no grau da ansiedade que uma pessoa experimenta, podendo variar de leve a grave, dependendo da situação e da pessoa.
Alguns fatores que podem contribuir para a condição são:
- Traumas;
- Perda de emprego;
- Dificuldades financeiras;
- Relacionamento familiar.
Quais são as causas?
A ansiedade pode ser desencadeada por diversos fatores, sejam eles genéticos, biológicos, psicológicos e até ambientais.
De acordo com a médica psiquiátrica Dra. Susana Tamega, estes fatores podem influenciar da seguinte forma:
Fatores genéticos
Estudos sugerem que a ansiedade pode ter uma predisposição genética. Pesquisadores identificaram vários genes que podem estar associados ao risco de desenvolver transtornos de ansiedade. No entanto, a genética não é a única causa, e outros fatores podem contribuir para o seu desenvolvimento.
Fatores biológicos
Ela também pode ser influenciada por fatores biológicos, como desequilíbrios químicos no cérebro. Por exemplo, a baixa atividade do neurotransmissor GABA (ácido gama-aminobutírico) é associada a transtornos de ansiedade.
Além disso, a ansiedade pode estar associada a condições médicas subjacentes, como problemas cardíacos, doenças da tireoide e doenças autoimunes. Estudos recentes apontam que a inflamação pode ser um fator biológico importante para o desenvolvimento da condição.
Fatores psicológicos
Ela também pode ser causada por fatores psicológicos, como experiências traumáticas ou estressantes na vida, como a perda de um familiar, abuso físico ou emocional, bullying ou eventos traumáticos.
Ademais, a ansiedade pode estar relacionada a pensamentos e padrões de comportamento disfuncionais, como catastrofização (imaginar o pior cenário possível), preocupação excessiva, evitação e medo de julgamento negativo.
Fatores ambientais
Por último, a ansiedade também pode ser influenciada por fatores ambientais, como estresse no trabalho ou na escola, problemas financeiros, conflitos familiares e eventos traumáticos.
Também vale ressaltar que a exposição a substâncias químicas tóxicas, como poluentes ambientais e pesticidas, pode aumentar o risco de transtornos de ansiedade.
Quais os tipos de ansiedade?
Assim como existem diferentes níveis de ansiedade, também são diversos os tipos como ela pode se manifestar. Entre eles:
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
O Transtorno de Ansiedade Generalizada é um dos tipos mais comuns de ansiedade. O TAG tem como característica a preocupação excessiva com coisas relacionadas a vida e a rotina das pessoas, como estudo, trabalho, relações interpessoais, etc.
Fobia social
A fobia social está relacionada ao medo diante de situações de convívio social. Normalmente, a pessoa sente receio de estar sendo julgada ou avaliada quando está em meio a outras pessoas, ficando constrangida ou desconfortável em situações comuns do dia a dia.
Síndrome do pânico
Esse tipo de ansiedade é caracterizado por ataques de pânico e medos espontâneos. As crises de ansiedade para quem sofre com a síndrome vem acompanhada de sintomas físicos, como: aceleração do batimento cardíaco, falta de ar, sudorese e tremores.
Transtorno obsessivo-compulsivo
O TOC é caracterizado por movimentos repetitivos e comportamentos compulsivos. Esse distúrbio psiquiátrico é a junção de pensamentos obsessivos com compulsões.
Estresse pós-traumático
O estresse pós-traumático leva a pessoa a ter crises de ansiedade ao relembrar situações de trauma, como um assalto, acidente de trânsito ou a perda de alguém especial.
Por isso, é comum ter momentos de confusão e medo, recordando os mesmos sentimentos sentidos durante as situações traumáticas.
Quais são os principais sintomas?
A ansiedade pode ter diferentes sintomas, físicos e psicológicos, a depender também de qual tipo a pessoa enfrenta. De maneira geral, alguns dos sintomas psicológicos, são:
- Angústia;
- Irritabilidade;
- Maus pressentimentos;
- Insônia;
- Apetite desregulado;
- Inquietação constante;
- Pensamentos catastróficos;
- Falta de controle emocional
Já os sintomas físicos podem ser:
- Taquicardia;
- Sudorese;
- Falta de ar;
- Boca seca;
- Formigamento;
- Náusea;
- Tremores;
- Tontura
“É importante lembrar que esses sintomas podem ter outras causas. Por isso, é importante consultar um profissional de saúde mental para avaliar seus sintomas e determinar a causa subjacente”, reforça Susana Tamega.
Como é feito o tratamento?
O tratamento pode envolver diferentes abordagens, incluindo psicoterapia e medicação. A escolha do tratamento deve ser individualizada e baseada nas necessidades de cada paciente.
“A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma das principais abordagens psicoterapêuticas utilizadas no tratamento da ansiedade. Ela tem como objetivo ajudar o paciente a identificar padrões de pensamento e comportamento disfuncionais e desenvolver estratégias para lidar com eles”, explica a médica.
Já em relação aos medicamentos, existem diferentes tipos que podem ser utilizados para tratar situações de ansiedade.
A psiquiatra também destaca que os antidepressivos, como os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) e os inibidores da recaptação da serotonina e noradrenalina (IRSN), são frequentemente utilizados no tratamento de transtornos de ansiedade.
“Os benzodiazepínicos, como o diazepam e o clonazepam, também são utilizados para tratar a ansiedade, mas são geralmente prescritos por períodos curtos de tempo, devido ao risco de dependência e efeitos colaterais”, salienta.
É importante destacar que a escolha da medicação deve ser feita pelo médico, levando em consideração os efeitos colaterais, a eficácia e a segurança do tratamento em cada caso. Susana Tamega também reforça que o uso de medicamentos deve ser combinado com psicoterapia para maximizar os benefícios do tratamento.
Como controlar e amenizar momentos de crise?
Além da psicoterapia e dos medicamentos, também existem algumas estratégias para que uma pessoa com ansiedade possa controlar melhor o quadro de saúde. A Dra. Susana Tamega destaca:
- Técnicas de respiração: a respiração profunda e lenta pode ajudar a reduzir o quadro. Tente inspirar pelo nariz por quatro segundos, segurar a respiração por sete segundos e expirar pela boca por oito segundos.
- Meditação: A meditação pode ajudar a acalmar a mente e reduzir a ansiedade. Existem muitos aplicativos de meditação disponíveis que podem ajudar a guiar você via meditações simples.
- Exercícios físicos: exercícios físicos regulares, como caminhar, correr, nadar, dançar ou praticar ioga, podem ajudar a aliviar o quadro.
- Terapia cognitivo-comportamental: um tipo de terapia que ajuda as pessoas a mudar seus padrões de pensamento negativos e a lidar com a ansiedade de maneira mais saudável.
- Mudanças na alimentação: alguns alimentos podem ajudar na redução do quadro, como chá de camomila, valeriana, maracujá, amêndoas, ovos e peixes ricos em ômega-3.
- Redução da cafeína e álcool: a cafeína e o álcool podem piorar a ansiedade, portanto, reduzir o consumo dessas substâncias pode ajudar.
- Técnicas de relaxamento muscular: técnicas como o relaxamento progressivo dos músculos podem ajudar a relaxar o corpo e a mente e reduzir a crise.
- Ter um sono adequado: dormir o suficiente pode ajudar a melhorar o humor e reduzir a ansiedade.
Já para amenizar crises de ansiedade, é importante que a pessoa conheça algumas técnicas para pôr em prática e diminuir mais os efeitos sentidos durante a crise. Entre elas:
- Respirar fundo;
- Praticar a meditação ou o mindfulness;
- Buscar ajuda;
- Pratique atividades prazerosas;
- Cultivar uma rotina saudável;
- Desenvolver novas habilidades;
- Mantenha uma perspectiva positiva.
“É importante lembrar também que a ansiedade é uma condição médica e, em casos mais graves, pode ser necessário procurar ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra”, finaliza a Dra. Susana Tamega.
Veja também: Controlando o estresse e a ansiedade através do Yoga
*Dra. Susana Tamega é Médica Especialista em psiquiatria clínica e forense.
Veja também
Novembro Roxo: Brasil Registra Aproximadamente 300 Mil Nascimentos Prematuros Por Ano
Pediatra, Dra. Betina Costa, destaca a importância do acompanhamento médico e do apoio familiar para a recuperação e desenvolvimento saudável desses pequenos guerreiros.
Intimidade renovada: entenda os benefícios do rejuvenescimento íntimo feminino
Segundo a médica Vanessa Hildebrand, o aumento da procura por procedimentos estéticos na região íntima revela o desejo feminino por mais qualidade de vida.
Novembro Azul: Inca Estima 71 Mil Novos Casos De Câncer De Próstata Em 2024
Urologista, Dr. Octávio Campos, diz que chances de cura podem chegar a 90% com detecção precoce