Estresse, colesterol, ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, sedentarismo e fatores genéticos são alguns dos fatores de risco que levam uma pessoa a desenvolver hipertensão, doença que atinge cerca de 36 milhões de brasileiros.
Se por um lado é elevado o número de pessoas que possuem a doença, por outro também é preocupante que grande parte delas não saibam do diagnóstico.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, apenas metade das pessoas sabem que convivem com a doença e, dentro deste grupo, só 50% dos pacientes fazem tratamentos para controlar a pressão arterial.
No entanto, mesmo que muitas pessoas não procurem o tratamento adequado, a doença mata cerca de 300 mil brasileiros por ano.
Mas afinal, o que é a hipertensão e quais os seus riscos? Neste artigo, você conhece mais informações sobre a doença que atinge um terço dos adultos no Brasil. Confira!
O que é a hipertensão?
A hipertensão, popularmente conhecida como pressão alta, é uma doença que ataca os vasos sanguíneos, o coração, o cérebro e pode causar a paralisação dos rins.
De acordo com a médica Maria Cecília, a hipertensão “é uma doença crônica caracterizada por níveis pressóricos elevados, pressão sistólica maior que 140 e diastólica maior que 90, o famoso 140 por 90 (ou 14 por 9). A pressão alta significa a força que o sangue faz contra a parede das artérias para conseguir circular. Essa pressão alta faz com que o coração precise fazer mais trabalho para bombear o sangue dentro do organismo”.
Por conta dessa maior pressão exercida dentro dos vasos sanguíneos, a pressão alta pode, a longo prazo, causar problemas cardíacos, danificando o funcionamento do coração e das artérias.
Quais os efeitos da hipertensão?
Do ponto de vista sintomático, a hipertensão não costuma trazer sintomas específicos que levem a pessoa a identificar o quadro de saúde.
“A hipertensão é uma doença frequentemente assintomática, ela não causa sintomas mas danifica órgãos como coração, cérebro, rins e vasos. Então ela é responsável por insuficiência cardíaca, insuficiência renal, e também parte dos fatores de risco para AVC”, explica a Dra. Maria Cecília.
Existem consequências para um quadro de hipertensão prolongada, como o dano aos órgãos que podem causar sintomas cardíacos, renais ou cerebrais e visuais.
Como é feito o diagnóstico da hipertensão?
O diagnóstico da hipertensão é feito a partir das consultas de rotina realizadas pelo paciente até mesmo indo a um posto de saúde para medir a pressão arterial.
Esse acompanhamento com médicos deve ser feito, no mínimo, anualmente, para verificar não apenas problemas com pressão alta, mas também outros tipos de doenças que podem ser silenciosas.
Por esse motivo, é importante que a pessoa faça um check-up uma vez por ano, para verificar a saúde do corpo como um todo.
Ainda nos casos de hipertensão, é indicado que pessoas acima dos 20 anos meçam a pressão arterial uma vez por ano, nos casos em que já existem pessoas na família com hipertensão, é indicado medir a pressão duas vezes por ano, para verificar a possibilidade da doença.
Quem tem mais chances de ter pressão alta?
Dados do Ministério da Saúde apontam que em 90% dos casos a pressão alta é herdada dos pais. É necessário ressaltar que existem fatores que podem influenciar no controle inadequado da pressão arterial. Essa condição também pode ser causada por outras doenças em órgãos como tireóide e rins, nestes casos existe uma hipertensão secundária.
“Existe um fator genético importante que pode influenciar, então pessoas que têm parentes próximos com hipertensão devem ficar mais atentas, mas não é só isso. Com o envelhecimento, costuma aumentar a frequência da hipertensão também, porque o envelhecimento vai causando o enrijecimento das artérias e, consequentemente, as pessoas a partir dos 60 anos costumam ter mais hipertensão”, aponta a Dra. Maria Cecília.
Além disso, quando as pessoas mais jovens costumam ter hipertensão, os homens acabam estando mais sujeitos que as mulheres.
Outros fatores que também influenciam no desenvolvimento da hipertensão, de acordo com a Dra Maria Cecília, são:
- Genética;
- Sedentarismo;
- Obesidade;
- Elevada ingestão de sódio;
- Apneia obstrutiva do sono;
- Ingestão elevada de álcool;
- Ingestão de alguns medicamentos.
Crianças e adolescentes podem ter hipertensão?
Apesar de poucas pessoas saberem ou não se atentarem, crianças e adolescentes também estão sujeitos a terem hipertensão.
Normalmente a doença é desencadeada por outros problemas de saúde preexistentes, mas também são relacionados aos hábitos de vida nessa faixa etária.
Muitas crianças e adolescentes acabam não tendo uma alimentação adequada, ficando mais propícios a enfrentarem problemas de saúde como a hipertensão, colesterol alto, obesidade, entre outros.
Quais os possíveis tratamentos para a hipertensão?
A hipertensão é uma doença que não pode ser revertida, mas controlada. Quando o tratamento é feito de maneira correta, o paciente pode viver a vida normalmente, mantendo uma boa qualidade de vida e prevenindo possíveis complicações trazidas pela pressão alta.
Uma vez diagnosticado, o tratamento pode variar de acordo com cada paciente. Por isso, é importante fazer o acompanhamento médico para definir os melhores caminhos para tratar a pressão alta.
O uso de medicação para controle da pressão arterial, por exemplo, é muito comum, mas não pode ser adotado como tratamento exclusivo.
“Além de tomar os remédios, o paciente tem que tomar alguns cuidados. Ingerir menos sódio, sair do sedentarismo, tentar fazer exercício físico. Tudo isso pode ajudar no controle da hipertensão e na redução dos riscos cardiovasculares que o paciente hipertenso acaba tendo um pouco a mais”, indica a Dra. Maria Cecília.
De maneira prática, a mudança de hábitos é essencial para um tratamento eficaz. Assim,, o paciente deve procurar:
- Manter o peso adequado;
- Não abusar do sal;
- Praticar atividade física regular;
- Aproveitar momentos de lazer;
- Abandonar o fumo;
- Moderar o consumo de álcool;
- Evitar alimentos gordurosos;
- Controlar o diabetes e outras comorbidades.
No caso da prática de exercícios físicos é importante que o paciente hipertenso saiba respeitar seus limites. Por isso, antes de escolher qualquer modalidade é importante consultar o médico para saber até onde pode ou não praticar determinada atividade física.
Além disso, para sair do sedentarismo e movimentar o corpo não é necessário recorrer apenas às atividades de alto impacto. O paciente pode começar caminhando de 30 a 40 minutos por dia e aos poucos adaptando outros exercícios à rotina.
O importante é não ficar parado e, aliado aos exercícios físicos, ter também hábitos saudáveis de alimentação. Unindo os dois, o hipertenso terá mais qualidade de vida é um quadro mais estável de pressão alta.
Quais os prejuízos da hipertensão não tratada?
A hipertensão não tratada pode trazer inúmeros prejuízos para a vida de uma pessoa, podendo até mesmo causar quadros de saúde irreversíveis.
Entre os riscos de não tratar a pressão alta corretamente está a possibilidade do paciente ter derrames cerebrais, doenças no coração — como infarto, insuficiência cardíaca (aumento do coração) e dor no peito — insuficiência renal ou paralisação dos rins e alterações na visão que podem levar à cegueira.
Por outro lado, ao fazer o tratamento indicado pelo médico, o paciente pode viver uma vida normal, sem restrições.
“A pessoa que faz o tratamento e consegue fazer o controle adequado da pressão arterial com uso de medicamentos não tem nenhuma restrição. Ela pode fazer exercícios, levar uma vida normal”, explica a médica.
A única indicação feita é que a pessoa sempre fale para todos os médicos que for sobre a hipertensão, informando que é hipertensa e os medicamentos utilizados. Isso é importante para que os médicos avaliem a interação entre os medicamentos antes de prescrever um novo remédio para o paciente, avaliando, inclusive, se há contra indicação a determinadas medicações.
“É importante saber do seu diagnóstico, não tomar medicamentos sem informar ao médico. Não tomar medicamentos por conta própria que possam interagir com os medicamentos que o paciente já usa ou piorem a hipertensão”, finaliza a Dra. Cecília.
*Dra. Maria Cecília Pavanel Jorge é médica assistente do serviço de Clínica Médica e Propedêutica da Universidade de São Paulo (USP), residência em clínica médica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Médica assistente do serviço de clínica geral e propedêutica do Hospital das Clínicas- SP. Médica do corpo clínico do Hospital Sírio Libanês.
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