Há mais de um século, a Organização Internacional do Trabalho atua para que homens e mulheres possam ter condições dignas de trabalho, com liberdade, equidade e segurança. Em 28 de abril de 1969, após um acidente em uma mina que matou 78 trabalhadores, a organização determinou que a data seria para lembrar de vítimas de acidentes e de doenças relacionadas à profissão que exercem. Especialistas da Clínica SO.U falam sobre os cuidados com o corpo no trabalho para ser mais saudável, independentemente da jornada.
Os médicos explicam, primeiramente, que há algumas lesões comuns originadas pelo trabalho. “As famosas LER/DORT (lesão por esforço repetitivo/ distúrbios osteoarticulares relacionados ao trabalho) são queixas comuns no consultório ortopédico e, ao contrário do que muitos acreditam, têm tratamento e cura. Devem ser devidamente investigadas, diagnosticadas e tratadas (com mudança nas condições e ambiente de trabalho, reabilitação e, eventualmente, algum procedimento cirúrgico). Muitos desses casos podem estar associados a fatores sociais, familiares, econômicos, com estresse e até insatisfação com o trabalho; o que deve ser tratado até com a ajuda de outros profissionais”, conta Dr. Marco Antonio Machado Filho, especialista em pé e tornozelo.
Dr. José Thiago Portella Kruppa, especialista em coluna, também diz que dores na região, como como lombalgia e cervicalgia, também são reclamações comuns relacionadas ao trabalho. E, ainda, a dor devida a movimentos repetitivos, principalmente nos membros superiores, como tendinite e bursite dos ombros e punhos e epicondilite dos cotovelos.
Por causa da pandemia, muito tem se falado sobre as dores causadas pelo home office, em sua maioria causadas por uma má postura por falta da estrutura correta em casa, são precisos cuidados com o corpo no trabalho seja em casa ou no escritíorio. Os problemas campeões de queixas neste período e de quem trabalha muito tempo sentado, costumam ser dores desde a região do pescoço – coluna cervical -, até a região mais inferior – coluna lombar), nos ombros, mãos e punhos. Ainda, pode haver problemas de circulação nos membros inferiores, como trombose, e pode causar obesidade. “Muito tempo sentado também pode causar aumento da força de pressão na rótula, tendinite patelar e até condromalácia patelar”, afirma Dr. Pedro Baches Jorge, ortopedista especialista em joelho e Medicina do Esporte.
Porém, os especialistas lembram que, aqueles que passam muito tempo da sua jornada em pé ou que carregam peso, também podem sofrer consequências físicas. “É comum que haja nestes trabalhadores, além das dores na coluna, problemas de circulação dos membros inferiores, como varizes, sobrecarga das articulações dos membros inferiores (tornozelos, joelhos e quadris), podendo levar a artroses. E, ainda, questões ortopédicas como esporão do calcâneo e fascite plantar”, diz Dr. Kruppa. “Pode haver, ainda, sobrecarga das cartilagens do joelho, dos meniscos, prejudicando a saúde da articulação”, complementa Dr. Pedro.
Ainda, é importante lembrar dos riscos àqueles que têm o esporte como trabalho, caso de atletas profissionais. “Esportistas estão muito sujeitos a lesões no joelho, como traumas torcionais, em esportes com mudança brusca de direção, ou por sobrecarga, em exercícios de resistência”, afirma Dr. Pedro.
Como evitar as dores?
Os especialistas listaram algumas dicas para ajudar nos seus cuidados com o corpo no trabalho:
Para os que ficam muito tempo sentado:
• Prestar atenção na forma como sentamos, no posicionamento dos pés, joelhos e quadris e, principalmente, da coluna;
• Manter a coluna ereta, com joelhos e quadris fazendo um ângulo de 90 graus; os pés devem estar apoiados no chão ou em um apoiador para pés ligeiramente inclinados;
• Observar altura da cadeira, mesa, posicionamento do teclado, qualidade da cadeira e sua inclinação para apoio
• Manter hábitos saudáveis, com exercícios regulares, o que estimula a propriocepção (capacidade do próprio corpo de avaliar sua posição, para manter equilíbrio perfeito parado, em movimento ou se esforçando)
• Sentar sempre no ísquio (“ossinho da nádega”), deixando essa região o mais para trás possível no assento. Dessa maneira evita-se o apoio da carga no cóccix, o que acontece quando desliza para frente.
• Altura do monitor deve ficar sempre na mesma altura dos olhos, para evitar curvar o pescoço pra baixo.
• Cada meia hora ou uma hora, levantar-se da cadeira, fazer um alongamento leve e dar uma caminhada, também ajudam a diminuir incômodos e vícios posturais.
Para os que ficam muito tempo em pé:
• Procurar por formas de conseguir fortalecimento muscular
• Buscar pelo equilíbrio entre os músculos dos glúteos e da coxa, ajudando a proteger o joelho.
• Fazer bastante alongamento
• Procurar fazer pausas e se sentar por alguns períodos
• Se movimentar
Para os que carregam peso:
• Manter respiração abdominal durante o transporte de carga, pois a contração da musculatura abdominal ajuda a proteger e a estabilizar a coluna vertebral devido ao aumento da pressão intra-abdominal;
• Quando for inevitável, o levantamento manual de carga deve ser realizado com a coluna em posição vertical e usando a musculatura das pernas;
• A capacidade de carga diminui sempre em que afastamos um peso do corpo ou com o aumento da altura a ser colocado;
• Sempre utilizar as duas mãos durante o transporte de carga, pois gera estabilidade e contração muscular, diminuindo as forças de compressão na coluna;
• Evitar rotação e inclinação do tronco durante o levantamento e manuseio de cargas, pois podem ocasionar estiramentos musculares e lesões nos discos intervertebrais;
• utilizar calçado confortável e firme.
• Preparar o corpo, com alongamentos diários e com fortalecimento muscular – incluindo atividade física que prepare para isso (academia, natação, fisioterapia motora).
Caso sinta dores ou algum desconforto, procure um profissional o quanto antes, para evitar que a condição se agrave.
*Dr. Pedro Baches Jorge é médico Ortopedista, especializado em Joelho e Medicina do Esporte. Fundador do Núcleo de Medicina do Esporte do Hospital Sírio Libanês e Membro do Grupo de Trauma Esportivo da Santa Casa de São Paulo. Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Trauma do Esporte (SBRATE) e Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ). Clínica SO.U – Unidade Bela Vista – R. Barata Ribeiro, 398 – 3º andar – Bela Vista, São Paulo – SP, 01308-000 – Tel.: +55 (11) 3258-1706
*Dr. José Thiago Portela Kruppa é Ortopedista e Cirurgião de Coluna pela Santa Casa de São Paulo. Especialista em deformidades da coluna vertebral. Médico do Grupo de Coluna da Escola Paulista de Medicina. Chefe do Grupo de deformidades da coluna do Hospital Geral de Guarulhos. Cirurgião de Coluna da Clínica SO.U.
*Dr. Marco Antonio Machado Filho é ortopedista, especialista em pé e tornozelo na Clínica SO.U. Possui graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2010). Especialização em Ortopedia e Traumatologia pelo Pavilhão “Fernandinho Simonsen” da Santa Casa de São Paulo (2011-2013). Em 2014, especializou-se em Cirurgia do Pé e Tornozelo, na mesma Instituição. Atualmente, atua como médico assistente do Grupo de Cirurgia do Pé e Tornozelo da Santa Casa de São Paulo.
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