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Equilíbrio nutricional na gravidez afeta formação e futuro do bebê

Escrito por:Redação SO.U + Bem Estar |

Estudo recente da Universidade de Yamanashi investiga de que forma a ingestão de fibras durante a gestação interfere no neurodesenvolvimento do bebê e outras questões de saúde futuras.

A ciência traz novos aprofundamentos sobre a alimentação materna durante a gestação. Pesquisadores da Universidade La Trobe (Austrália) mostraram que alguns tipos de bactérias podem ser encontradas no nosso organismo antes mesmo do nascimento, mostrando que a alimentação da mãe tem influência na composição da microbiota fetal. Natalia Barros, Nutricionista Mestre em Ciências pela UNIFESP e fundadora da NB Clinic, comenta que, de fato, a nossa microbiota começa a ser formada ainda na barriga da mãe.

Equilíbrio nutricional na gravidez afeta formação e futuro do bebê

E por que isso é importante? “A microbiota materna durante a gravidez molda a microbiota vaginal e o leite materno, o que irá alterar a microbiota infantil pioneira durante uma janela crítica no desenvolvimento, tanto no útero como também no bebê depois de nascer”, explica Natalia.

 

Segundo ela, o conceito Developmental Origins of Health and Disease (DOHaD) – em português, Origens Desenvolvimentistas da Saúde e da Doença -, já propõe que diversos fatores ambientais, como desnutrição, estresse e exposições a produtos químicos durante a gestação e a infância estão relacionados com o aumento do risco de diversas doenças futuras.

 

Vem daí a importância do estudo publicado no final de julho, na revista Frontiers in Nutrition por pesquisadores da Universidade de Yamanashi. “Ele chamou a atenção por concluir que a deficiência de fibra dietética materna durante a gravidez pode influenciar um risco aumentado de atraso no neurodesenvolvimento da prole”, resume a nutricionista.

 

Ela conta que a pesquisa utilizou um banco de dados, para avaliar o consumo alimentar de fibras e ácido fólico e o atraso no desenvolvimento por domínios diferentes. “Mesmo depois de levar em consideração a ingestão de ácido fólico, que tem um papel essencial no desenvolvimento neural, houve uma ligação significativa entre a ingestão de fibra dietética materna durante a gravidez e o atraso no desenvolvimento infantil”, observa a especialista.

 

Isso é significativo porque, segundo Natalia, “a fibra dietética regula o microbioma intestinal, por meio da produção de ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs) produzidos pela fermentação bacteriana da fibra”, detalha, resumindo que esse processo tem grande importância para o eixo intestino-cérebro.

 

“Os resultados do estudo sugerem que a ingestão inadequada de fibras dietéticas maternas durante a gravidez afetou o atraso do neurodesenvolvimento infantil por conta da diminuição da produção de SCFAs”, conclui a nutricionista.

 

Nutrição correta pelo futuro do bebê

“Esse desequilíbrio nutricional materno durante a gravidez pode afetar não só o neurodesenvolvimento de seus filhos, mas também aumentar o risco de problemas futuros, como sobrepeso, síndrome metabólica e diabetes, entre outros, aponta Natalia.

Por isso, a orientação nutricional durante a gravidez é fundamental para a saúde do binômio mãe-bebe, explica a nutricionista, ao detalhar: “Invista em alimentos ricos em fibras, como grãos, cereais, sementes, feijões, batatas, vegetais, frutas, cogumelos e verduras”.

No que diz respeito ao volume de ingestão de fibras, Natalia orienta o consumo de 25g, valor recomendado pelas diretrizes brasileiras. Ela conta que a média de consumo do estudo foi de 10g/dia, sendo que o grupo com maior consumo, respondeu ingerir cerca de 18g/dia.

 

Ressalvas

Na visão de Natalia, a pesquisa mostra algumas limitações, por ter sido feita com humanos, o que impede de avaliar os efeitos da fibra alimentar isoladamente. Ela detalha: “Embora o estudo tenha considerado o impacto da ingestão de ácido fólico durante a gravidez, a possibilidade de outros nutrientes terem um impacto não pode ser descartada”, pondera a especialista.

Outro questionamento dela diz respeito ao método de questionário autoaplicável, em que a compreensão pessoal das perguntas pode influenciar nas respostas. “Também se limitou ao não avaliar outros fatores do desenvolvimento cerebral, como o tipo de parto, a amamentação e a introdução alimentar”, acrescenta Natalia.

Veja também: Plantão #21 – ginecologia, gravidez e reprodução

SOBRE NATALIA BARROS:

  • Nutricionista – Centro Universitário São Camilo
  • Mestre em Ciências Aplicadas
  • Departamento de Nutrição da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
  • Fundou a primeira Pós-graduação em Saúde da Mulher e Reprodução Humana do Brasil
  • Docente convidada – Pós-graduação em Nutrição Materno infantil (USP)
  • Aprimoramento em Nutrição Humana e Metabolismo Stanford University
  • Extensão em Saúde da Mulher AGE Educação em Saúde
  • Extensão em Comportamento Alimentar Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq-HCUSP)

Sobre o autor

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