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SÉRIES ESPECIAIS – ORTOPEDIA Série especial aborda a Lesão do LCA

Escrito por:Dr. Pedro Baches Jorge | 30 minutos de leitura

A lesão do LCA -Ligamento Cruzado Anterior é o tema da primeira série especial que o Sou + Bem Estar preparou sobre Ortopedia com os mais renomados médicos especialistas da área.

O autor desta primeira série, que já está no ar, é o Dr. Pedro Baches Jorge. Ele é médico ortopedista especializado em Joelho e Medicina do Esporte, Fundador do Núcleo de Medicina do Esporte do Hospital Sírio Libanês e membro do Grupo de Trauma Esportivo da Santa Casa de São Paulo. Também ocupa o cargo de diretor científico da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Trauma do Esporte (SBRATE),além de membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ) e fundador da Clínica Sou.

A nova série explora todos os aspectos relacionados a esse tipo de trauma, que ocorre principalmente em  atletas de alta performance, mas que podem também atingir esportistas do dia a dia, igualmente envolvidos em esportes onde saltos e movimentos bruscos de mudança de direção são comuns em atividades esportivas de contato como futebol e basquete e de impacto como o tênis e o atletismo.

Veja a série completa! Clique aqui.

2 -Lesão do LCA

Com os joelhos, todo cuidado é pouco

Uma das articulações mais complexas do organismo, por ser extremamente exigida no dia a dia, necessita de muita estabilidade, mobilidade, flexibilidade e equilíbrio de todos os músculos para cumprir sua função.

Quatro ossos se encontram para formar a articulação do joelho: o osso da coxa (fêmur), o osso maior da perna (tíbia), a rótula (patela) e a Fíbula. A patela fica na frente da articulação para fornecer proteção e os quatro ligamentos primários agem como cordas fortes para manter os ossos  conectados e fornecer a estabilidade necessária.

O ligamento cruzado anterior ou “LCA”   é um dos quatro principais ligamentos internos do joelho e trabalha em conjunto com o Ligamento Cruzado Posterior (LCP), no controle do movimento para frente e para trás e na estabilidade. É responsável portanto pela estabilidade anterior do joelho, e também por sua estabilidade rotacional. A falta de integridade do LCA irá gerar instabilidade em atividades do dia a dia, principalmente naquelas onde há mudança de direção, e incapacidade de praticar esportes com segurança. Tal instabilidade coloca em risco as demais estruturas da articulação, pois novos entorses podem levar a novas lesões

Lesões de LCA são relativamente mais comuns entre atletas de alta performance, mas podem também atingir esportistas do dia a dia, igualmente envolvidos em esportes onde saltos e movimentos bruscos de mudança de direção são comuns

A grande maioria das lesões de LCA ocorrem principalmente em esportes de contato como futebol e basquete e de impacto como o tênis e o atletismo. Os sintomas são imediatos: dor local, inchaço e instabilidade do joelho.

Lesões de LCA  necessitam de muita atenção, pois em 50%  dos casos podem atingir  o menisco, outros ligamentos e a cartilagem.

Causas

Como ocorrem as lesões do LCA?

Entre os movimentos característicos que podem precipitar uma lesão de LCA estão:

Mudanças rápidas de direção : nos jogos como futebol e basquete, os jogadores precisam mudar de direção rapidamente ao executar jogadas ou desviar dos adversários. Um giro rápido ou “corte” pode levar à ruptura do LCA .

Mudar a velocidade ou parar subitamente: Atletas que correm podem diminuir de repente a velocidade  ou parar subitamente causando um forte impacto nos ligamentos do joelho.

Salto e aterrissagem: Qualquer atividade que envolva pular e aterrisar – vôlei, basquete, patinação artística, ginástica olímpica-, podem danificar o ligamento.

Contato e colisões: a LCA está em risco quando o joelho do atleta é atingido ou colide com outro jogador ou objeto. Por esta razão, as lesões do LCA são comuns em todos esportes de contato e impacto.

Principais sintomas

O primeiro e mais característico sintoma, relatado na grande maioria dos casos, é um som de “estalo” assim que a lesão ocorre. Um importante inchaço advém, normalmente não de imediato, mas nas horas seguintes ao trauma (em até seis horas). Dor ao andar ou movimentar a perna e falta de estabilidade, completam o quadro.

Diagnóstico

O grau de dano de uma lesão de LCA é avaliado pelo cirurgião especialista em joelhos. Durante o exame físico, o  médico verificará todas as estruturas do joelho lesionado e as comparará com o joelho não lesionado.

O ligamento pode apresentar-se total ou parcialmente lesionado, e o grau de instabilidade gerado é percebido pelo especialista no exame físico. As lesões parciais, em sua grande maioria, devem ser encaradas e tratadas como lesões totais, evitando assim danos secundários em novos entorses.

Grau da lesão

De acordo com a American Academy of Orthopedic Surgeons (AAOS), rupturas de LCA apresentam três graus distintos de severidade.

Grau 1: lesão leve, rompimento quase microscópico do ligamento. Necessita apenas de sessões de fisioterapia e exercícios de fortalecimento dos músculos, para que a amplitude de movimentos seja restabelecida.

Grau 2: lesão mediana, com rompimento parcial do LCA.

Grau 3: contusão severa – ruptura  total do ligamento. A maioria das lesões de LCA pertencem a esse grau. Cirurgia artroscopia e fisioterapia são os caminhos para o restaurar  a força do joelho e para readquirir estabilidade e amplitude de movimentos.

Testes de imagem

Outros testes que podem ajudar o médico a confirmar o diagnóstico incluem:

Raios-X: embora não mostrem nenhuma lesão no ligamento cruzado anterior, os raios-X podem mostrar se a lesão está associada à alguma fratura.

Ressonância magnética: esse exame é o padrão ouro na identificação da lesão do LCA. Mostrará claramente a existência de ruptura ligamentar e as lesões associadas, como em outros ligamentos, meniscos ou cartilagem

Caso identifique suspeita de eventual fratura, o médico também poderá solicitar uma tomografia.

Dr. Pedro Baches Jorge

Médico Ortopedista, especializado em Joelho e Medicina do Esporte. Fundador do Núcleo de Medicina do Esporte do Hospital Sírio Libanês e Membro do Grupo de Trauma Esportivo da Santa Casa de São Paulo.

Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Trauma do Esporte (SBRATE) e Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ)

Clínica SO.U – Unidade Bela Vista

Barata Ribeiro, 398 – 3º andar – Bela Vista, São Paulo – SP, 01308-000

Tel.: +55 (11) 3258-1706

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3 – Os desafios ortopédicos e psicológicos do LCA

Quando nos deparamos com um paciente cujo Ligamento Cruzado Anterior (LCA) está rompido, nos deparamos com dificuldades de diversos níveis e características

A lesão do LCA é uma das mais comuns afecções ortopédicas. Praticamente sempre se segue de tratamento cirúrgico para sua reconstrução, em vista que a ausência desse ligamento gera instabilidade articular, que impossibilita a prática de atividades esportivas, e dificulta muito as atividades de vida diária.

As dificuldades ortopédicas que encontramos nesses casos são diversas, mas completamente controladas, já que se trata do dia a dia do cirurgião de joelho experiente. Surgem na cabeça do médico diversas formas de tratamento cirúrgico, que incluem opções de enxerto, posicionamento adequado do novo ligamento, métodos de fixação diversos, fisioterapia pré e pós cirúrgica, e assim por diante. E digo com propriedade: por mais que tenhamos tantas opções e caminhos para seguirmos, essa é a parte fácil.

Escolho dentre as milhares de opções que rodeiam o tratamento, aquilo que é adequado para cada caso. Operamos individualmente baseado nas características de cada portador de lesão, e temos sucesso na imensa maioria das vezes.

Ou seja, as dificuldades ortopédicas são controladas, devem ser respeitadas, mas vencê-las não é nosso maior desafio.

O maior desafio são as dificuldades psicológicas, e isso tem sido uma preocupação e realidade cada vez mais presentes. E o que quero dizer com esse tipo de dificuldade? Essa resposta é simples, a lesão do ligamento cruzado anterior acontece em pessoas que torcem o joelho, normalmente durante a prática esportiva, recreacional ou profissional.

Em um mundo cada vez mais agitado, de estresse constante com trabalho e quantidade de informações, uma válvula de escape necessária importante é a prática de atividade física. Quando me deparo com um paciente com lesão do LCA e informo que após o tratamento ficará de 6 a 8 meses sem poder jogar futebol, ou qualquer outro esporte competitivo com mudanças bruscas de direção, sinto que cada vez mais essa notícia é devastadora.

As pessoas precisam de suas válvulas escapatórias. Precisam desligar de um mundo super-conectado, nem que seja por alguns minutos. Precisam correr, suar, e só pensar por alguns instantes no gol, na cesta, no ponto… Assim esquecem a bolsa, o chefe, o trânsito, a doença, o sobrepeso.

Quando dou a notícia, esta é, cada vez mais avassaladora. Isso me preocupa demais hoje em dia. Por que? Porque simplesmente não precisa ser assim. O tratamento de lesão do LCA ideal, hoje em dia e sob meu ponto de vista, a preocupação com o estado psicológico de cada paciente deve ser contemplada. Após a cirurgia, no seu tempo certo, a atividade física deve ser estimulada. Logicamente não aquelas que colocam em risco a articulação de modo precoce, mas as atividades que não possam prejudicar.

No momento certo, e de modo até que precoce, a musculação e a bicicleta podem ser iniciadas. Logo em breve, de modo correto, a natação e o transport. Até a esteira e a caminhada e corrida na rua tem a sua hora.

Em tempos modernos, onde tudo é pra ontem, acredito demais que todo cirurgião de joelho deva ter a preocupação com o psicológico de seu paciente. Quantas meninas atletas não choraram diante da noticia do tempo de afastamento, sentadas em minha mesa? E quantas pessoas, ao final, não me disseram que foi muito mais fácil do que haviam imaginado?

Ou seja, não devemos apenas nos preocupar com a questão ortopédica, que é complexa, porém mais fácil, quanto mais experiente formos. Devemos perceber que a questão psicológica pode ser devastadora, e talvez tão importante que mudará a vida toda de nosso paciente. Cada dia que passa tento fazer isso de modo mais claro na minha prática médica, e esse artigo vem de encontro à mensagem que tento sempre passar: não será fácil, o caminho todo exigirá de mim, habilidade e do paciente, paciência e determinação. Mas juntos certamente podemos transformar o caminho em algo mais agradável, que nos preparará para um futuro de atividades físicas mais seguras.

Dr. Pedro Baches Jorge

Médico Ortopedista, especializado em Joelho e Medicina do Esporte. Fundador do Núcleo de Medicina do Esporte do Hospital Sírio Libanês e Membro do Grupo de Trauma Esportivo da Santa Casa de São Paulo.

Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Trauma do Esporte (SBRATE) e Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ)

Clínica SO.U – Unidade Bela Vista

Barata Ribeiro, 398 – 3º andar – Bela Vista, São Paulo – SP, 01308-000

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4 – A ruptura do LCA

Todo cuidado é pouco após uma lesão de LCA

Romper o LCA – ligamento cruzado anterior – é coisa séria e deve ser encarada como tal. Andar após o trauma não é recomendável, já que pode aumentar a dor e o inchaço, e piorar ainda mais o joelho atingido.

No período imediato à contusão, em casos em que a dor é leve a ponto de não impedir o caminhar, muitos pacientes adiam a visita ao médico. Entretanto, a estes, um alerta: tão logo quanto possível, consultem o médico para o diagnóstico e início do tratamento de reabilitação, sob pena de danos maiores.

A lesão do LCA acontece quando o tecido que liga o fêmur à tíbia, localizado na altura do joelho e responsável por sua estabilidade, rompe-se, total ou parcialmente. Grande parte dessas lesões ocorre durante a prática de esportes de impacto como futebol, basquete e tênis. Os sintomas são imediatos: dor local, inchaço e instabilidade, ao tentar caminhar.

Reconhecendo a lesão

Os sinais imediatos de um caso de rompimento de LCA são:

  • som de “estalo” no momento da contusão
  • dor que impossibilita a continuidade da atividade
  • inchaço imediato e/ou nas horas seguintes
  • sensação de instabilidade ao caminhar
  • a pele da região adquire cor arroxeada
  • perda de amplitude de movimento

Cuidados imediatos pós-ruptura

Após a lesão, o tratamento pode ser iniciado  antes da ida ao médico, para o controle da dor e do inchaço:

  • Faça aplicação de gelo no local
  • Deite e eleve a perna acima do nível do corpo
  • Se necessário, tome  analgésicos

Observados esses cuidados iniciais, o passo seguinte é procurar o especialista que, após diagnóstico baseado no grau e intensidade da lesão, vai elaborar um plano de tratamento levando em conta a idade, histórico médico e condição física atual do paciente.

De acordo com a American Academy of Orthopedic Surgeons (AAOS), rupturas de LCA apresentam três graus distintos de severidade

  • Grau 1: lesão leve, rompimento quase microscópico do ligamento. Necessita apenas de sessões de fisioterapia e exercícios de fortalecimento dos músculos, para que a amplitude de movimentos seja restabelecida.
  • Grau 2: lesão mediana, com rompimento parcial do LCA.
  • Grau 3: contusão severa – ruptura  total do ligamento. A maioria das lesões de LCA pertencem a esse grau. Cirurgia e fisioterapia são os caminhos para o restaurar  a força do joelho e para readquirir estabilidade e amplitude de movimentos.

Voltar a andar: quanto tempo leva?

Em lesões do grau 1, o médico poderá indicar ou não o uso de órteses, bengala e/ou muletas, por um período, para ajudar o paciente a locomover-se.

Já o tempo que levará para que possa voltar a caminhar sem auxílios externos, dependerá da resposta ao tratamento de reabilitação. Se o caso for cirúrgico, não há uma previsão exata, uma vez que a fisioterapia poderá, ou não, começar uma semana logo após o procedimento, dependendo de cada paciente.

No caso de atletas de esportes que envolvem saltos e impacto no solo, o prazo mínimo estimado de retorno à prática é de seis a oito meses após a cirurgia. Entretanto, estatísticas apontam que, nesse mesmo grupo (atletas), 1/3 corre o risco de nova ruptura de LCA no espaço de dois anos – portanto, é muito melhor concentra-se em uma recuperação mais longa e plena, do que correr riscos de novas lesões.

Entendendo a ruptura de LCA

A ruptura do ligamento cruzado anterior dificilmente ocorre fora do âmbito de práticas esportivas (salvo, por exemplo, acidentes automobilísticos e outros) que possam resultar em situações de stress sobre os joelhos.

Lesões de LCA são relativamente mais comuns entre atletas de alta performance, mas podem também atingir esportistas do dia a dia, igualmente envolvidos em esportes onde saltos e movimentos bruscos são práticas comuns.

Entre os movimentos característicos que podem precipitar uma lesão de LCA estão:

  • Mudanças rápidas de direção : nos jogos como  futebol e basquete,os jogadores precisam mudar de direção rapidamente ao executar jogadas ou desviar dos adversários. Um giro rápido ou “corte” pode colocar extrema pressão  no  LCA.
  • Mudar a velocidade ou parar subitamente: atletas que correm podem diminuir de repente a velocidade  ou parar subitamente causando um forte impacto nos ligamentos do joelho.
  • Salto e aterrissagem: qualquer atividade que envolva pular e aterrisar – vôlei, basquete,patinação artística, ginástica olímpica -, podem danificar o ligamento.
  • Contato e colisões: a LCA está em risco quando o joelho do atleta é atingido ou colide com outro jogador ou objeto. Por esta razão, as lesões do LCA são comuns em todos esportes de contato e impacto.

Fatores de risco

Alguns fatores ampliam os riscos em casos de rupturas de LCA:

  • esportes como futebol, basquete, tênis e ginástica olímpica
  • práticas esportivas em solos artificiais
  • mau condicionamento físico
  • equipamentos inapropriados (especialmente quanto aos tênis)

Siga as recomendações

A recomendação é: evite caminhar, após lesionar-se, se há suspeitas de ruptura de LCA. Porque caminhar não só aumenta o grau da lesão, como o nível da dor.

Consulte o ortopedista assim que possível, para um diagnóstico correto. Se a lesão for leve, o médico pode até autorizar o caminhar, sem muletas ou órteses, mantendo, claro, um programa de reabilitação e fisioterapia.

Já se a lesão for de nível 3 (grave), o caso quase que certamente envolverá cirurgia, seguida de fisioterapia. Ou seja, mais um motivo para evitar caminhar quando há suspeita de lesão de LCA. Algo que só o ortopedista saberá avaliar.

Seguindo as recomendações médicas, com base nos progressos da recuperação, os pacientes voltam a andar, caminhar, correr ou praticar esportes mais rápido do que imaginam.

Dr. Pedro Baches Jorge

Médico Ortopedista, especializado em Joelho e Medicina do Esporte. Fundador do Núcleo de Medicina do Esporte do Hospital Sírio Libanês e Membro do Grupo de Trauma Esportivo da Santa Casa de São Paulo.

Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Trauma do Esporte (SBRATE) e Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ)

Clínica SO.U – Unidade Bela Vista

Barata Ribeiro, 398 – 3º andar – Bela Vista, São Paulo – SP, 01308-000

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5 – Mulheres lesionam mais os joelhos que os homens

Estudos e Pesquisas internacionais revelam que mulheres lesionam mais algumas regiões do corpo do que os homens

A Copa do Mundo feminina de 2019 bateu recordes de audiência pelo mundo. Mas assim como o aumento de público, o número de lesões das jogadoras também cresceu, principalmente entre as brasileiras.

As zagueiras Rafaelle e Bruna Benites, por exemplo, não se recuperaram a tempo de cirurgias no joelho e não entraram na lista de jogadoras convocadas. A atacante Adriana rompeu o ligamento do joelho no mesmo dia em que a escalação saiu. Isso sem contar nas lesões de Fabiana, Marta, Andressa Alves e Cristiane na coxa, Formiga no tornozelo e Erika na panturrilha¹.

Apesar de ter prejudicado o desempenho da seleção na Copa, o desfalque brasileiro não foge da curva. Atletas do sexo feminino têm realmente maior risco para certas lesões relacionadas ao esporte, principalmente aquelas que envolvem o joelho.

Para se ter uma ideia, um estudo publicado no periódico North American Journal of Sports Physical Therapy² revelou que as mulheres têm seis vezes mais chance de ter uma lesão no ligamento cruzado anterior.

Além de problemas nesse ligamento, outras lesões são mais comuns nas mulheres, de acordo com Pedro Baches Jorge, Cirurgião do Joelho e Fundador do Núcleo de Medicina do Esporte do Hospital Sírio Libanês, veja abaixo quais são:

  • Lesões no joelho: além dos machucados nos ligamentos já citados, a síndrome da dor patelofemural (também conhecida informalmente como joelho do corredor) é muito comum. Ela é caracterizada pelo dano na cartilagem que fica sob a rótula.
  • Torção de tornozelo: quem nunca torceu o tornozelo, não é mesmo? Apesar de ser a lesão esportiva mais comum, ela é particularmente mais frequente entre as mulheres.
  • Fascite plantar: um mal entre os corredores, a fascite plantar, que é o alinhamento anormal do pé e dos pés chatos, causa dores no arco da sola do pé e no calcanhar e uma inflamação nessa região.
  • Problemas no ombro: lesões no manguito rotador, que incluem tendinite ou bursite entram nessa lista.
  • Fraturas por estresse: estes são especialmente comuns no pé ou perna (tíbia) entre as mulheres, a “tríade de atleta feminina”, uma combinação de ingestão inadequada de calorias e nutrientes, períodos menstruais irregulares e perda óssea. Transtornos alimentares, incluindo anorexia nervosa, contribuem para essa tríade.

Pedro Baches, que operou  as jogadoras Debinha e Bruna,  da  Seleção Brasileira de Futebol Feminino e a Bagé, (ex-capitã), estudou os vídeos  das lesões reais do LCA  que ocorreram com  as atletas em movimento, identificou que quatro componentes motores comuns ocorrem quando a mecânica corporal inadequada acontece e quando o centro da massa corporal está fora da base do apoio para os pés.

Como evitar essas lesões?

A prevenção de lesões, obviamente, não difere entre os gêneros. Mas as mulheres devem ficar mais atentas ao fortalecimento dos músculos da coxa e do joelho, para evitar problemas no LCA – ligamento do cruzado anterior –6% mais frequente entre o sexo feminino, afirma Baches.

Uma análise de 2012, publicada no periódico Journal of Bone and Joint Surgery³, concluiu que os programas de treinamento para prevenir as rupturas do ligamento do cruzado anterior – LCA – eram altamente eficazes e reduziram em mais de 50% o risco de lesão para as mulheres (e em 85% para os homens).

De acordo com o médico os atletas podem reduzir o risco de lesões no LCA realizando exercícios de treinamento que exigem equilíbrio, poder e agilidade. Adicionando exercícios como pular e exercícios de equilíbrio que ajudam a melhorar o condicionamento neuromuscular e reações musculares, ele recomenda rotineiramente um programa de condicionamento do LCA, especialmente para mulheres jogadoras, praticantes de corrida e que frequentam as academias.

Por que as mulheres são mais propensas a algumas lesões do que os homens?

As diferenças no corpo dos homens e das mulheres são visíveis, mas mesmo as que não percebemos no dia a dia influenciam no desempenho de ambos no esporte.

As mulheres, por exemplo, têm maior tendência a lesões específicas, como as no joelho e no tornozelo.

Uma pesquisa publicada no periódico Clinical Orthopaedics and Related Research¹ concluiu que as mulheres costumam ter menos massa muscular e mais mobilidade, um combo perfeito para lesões nas articulações. Um dos motivos seriam os níveis mais altos de testosterona nos homens, um hormônio que facilita o aumento de músculos.

A maior flexibilidade entre elas seria justificada pelos ligamentos mais frouxos e músculos menos potentes, elevando também o risco de lesões.

Além disso, os quadris mais largos das mulheres, para o corpo comportar uma gestação, altera o alinhamento do joelho e do tornozelo e há também um espaço mais estreito dentro do joelho. É o que sugere um estudo publicado no periódico Sports Medicine².

“Uma atleta feminina pode ser tão adequada ou mais do que a sua contraparte masculina, ainda que pareça haver diferentes vulnerabilidades entre homens e mulheres para certas lesões esportivas”, concluiu Pedro Baches.

Referências  – artigo 1

Referências  –  artigo 2 

Redação SO.U Movimento

Portal de Notícias sobre esporte, saúde, e bem-estar.

Uma fonte de Informações a partir de pesquisas científicas nas áreas de ortopedia, medicina esportiva, fisioterapia e tratamentos coadjuvantes.

6 – A reconstrução do LCA

Na maioria dos casos, a cirurgia para reconstrução do LCA será necessária

Reconstrução é o processo cirúrgico destinado a fazer um novo ligamento e devolver ao joelho a estabilidade e força perdidas com o rompimento do ligamento cruzado anterior (LCA). Através dela, as partes do ligamento lesionado são removidas e substituídas por tendões do próprio paciente ou, em alguns casos mais remotos, por ligamentos doados.

A lesão do ligamento cruzado anterior LCA, é um trauma que leva à instabilidade do joelho. São relativamente mais comuns entre atletas de alta performance, mas podem também atingir esportistas do dia a dia, igualmente envolvidos em esportes onde saltos e movimentos bruscos são prática comum. Parte significativa desses casos é tratada cirurgicamente, através de artroscopia.

Preparação para a cirurgia

Consultas pré-cirúrgicas e exames irão avaliar o grau da lesão e da instabilidade causada no joelho. Decidida a cirurgia, o passo seguinte é determinar qual o tipo de anestesia será usada. Nesses encontros com o médico cirurgião, o paciente deve tirar todas as suas dúvidas em relação ao processo – a origem do tendão, por exemplo, que será decidida em conjunto.

Tendão patelar: é o tendão que une a patela com a tíbia.

Tendões isquiotibiais: responsáveis por conectar os músculos posteriores da perna à parte posterior do joelho.

Tendão do quadríceps: localizado na parte da frente da coxa. Esse tipo é mais indicado a pacientes altos ou com excesso de peso corpóreo ou para pessoas que já passaram por cirurgias não bem sucedidas de LCA.

Tendão doado: é possível utilizar tendões com origem em doações (o assunto deve ser amplamente discutido com o médico). Esses tendões são disponíveis em bancos de tecido, regulamentados pelo ministério da saúde.

Às vésperas do procedimento, as instruções do médico incluirão jejum de 8 horas e a proibição de uso de medicamentos que possam interferir no bom funcionamento do processo de coagulação sanguínea do paciente.

No dia da cirurgia, o paciente deverá estar acompanhado. Entre outras coisas, para ouvir as instruções para o pós-operatório e para acompanhar o paciente na volta para casa.

A cirurgia de reconstrução

De início, um cateter é introduzido no braço do paciente, para que sejam ministrados medicações, anestésicos e/ou sedativos.

Durante o procedimento, uma pequena incisão na frente do joelho permite a entrada do artroscópio – um tubo fino equipado com câmera de fibra ótica na extremidade. É ele que permitirá ao cirurgião observar dentro do joelho do paciente, durante o procedimento.

A primeira ação do médico será remover o ligamento lesionado e limpar a área. No passo seguinte, o cirurgião faz pequenos orifícios no fêmur e na tíbia, para conectar os tampões ósseos com grampos, parafusos ou aros de alumínio.

Uma vez ajustado o novo ligamento, o médico fará testes para medir o grau de mobilidade e tensão do joelho, certificando-se de que o novo ligamento está em ordem. A última etapa consiste em dar pontos e finalizar a cirurgia: enfaixar e estabilizar a região com uma órtese, que servirá também como proteção.

O tempo médio de uma cirurgia de reconstrução do LCA é de 45 minutos. Caso a cirurgia envolva ainda o reparo de meniscos, sua duração será mais longa. Normalmente, o paciente fica internado por uma noite. No dia seguinte faz fisioterapia logo pela manhã, ainda no hospital. Nessa sessão faz-se um treino de caminhada com muletas e carga total, e a partir daí encontra-se em condições de retornar à sua casa.

Riscos da reconstrução do LCA

A cirurgia de reconstrução em casos de lesão do LCA permanece com reputação mundial de excelência, assim como para outras lesões comuns de joelho: Entre 82 a 90 por cento dos casos os resultados são excelentes e ocorre a completa recuperação da estabilidade do joelho.

Mesmo sendo via artroscopia, a reconstrução do LCA não deixa de ser um procedimento cirúrgico que apresenta riscos. Evidentemente, esses riscos serão avaliados em conjunto com o médico antes da cirurgia.

Esses podem incluir:

  • sangramentos e formação de coágulos sanguíneos
  • eventualmente, a dor no joelho pode prosseguir
  • infecções
  • o joelho pode ficar ter algum tipo de rigidez
  • perda do grau de mobilidade

Após a cirurgia:

A reabilitação bem realizada é fundamental no sucesso da cirurgia. Os cuidados iniciais envolvem tomar analgésicos e manter a incisão limpa e seca. E, obviamente, repouso. Aplicações de bolsas de gelo também são importante extensão do tratamento, uma vez que ajudam a aliviar dores e diminuir o inchaço.

A primeira consulta com o médico após a cirurgia ocorre em cerca de duas semanas. No pós-cirurgia, o paciente deve estar ciente de que:

  • sentirá algum grau de dor;
  • terá que usar órtese por uma semana e muletas por seis semanas;
  • terá atividades restritas por cerca de seis meses.

O período de fisioterapia começa assim que o paciente começar a se recuperar – a boa notícia é que em apenas algumas semanas, em média, já acontece o ganho de movimentação do joelho. Para atletas, o retorno ao esporte acontece entre seis e doze meses as atividades.

Dr. Pedro Baches Jorge

Médico Ortopedista, especializado em Joelho e Medicina do Esporte. Fundador do Núcleo de Medicina do Esporte do Hospital Sírio Libanês e Membro do Grupo de Trauma Esportivo da Santa Casa de São Paulo.

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7 – A recuperação do LCA

Reabilitação de intervenção do ligamento cruzado anterior é processo lento com final feliz

A cirurgia de reconstrução do LCA é o procedimento para os danos causados ao joelho pelo rompimento do ligamento cruzado anterior. O processo de recuperação,  inclui repouso, fisioterapia e um retorno progressivo às atividades, através de um plano e um cronograma estabelecido entre médico e paciente. Seguir esse plano de reabilitação é crucial para apressar a recuperação.

O processo de recuperação começa com o paciente adaptando-se ao uso temporário de muletas, após ser enviado para casa no mesmo dia do procedimento. Esse treino deve começar assim que o efeito da anestesia passar. O médico também irá orientar como tomar banho e todos os cuidados imediatos pós-cirúrgicos.

Nessa primeira fase, esses cuidados incluem o trinômio repouso + gelo + elevação da perna, como forma de aliviar o inchaço decorrente da cirurgia. Dependendo dos sinais da recuperação, o médico poderá autorizar o paciente a forçar a perna, isto é colocar o peso do corpo sobre ela em até duas ou três semanas após o procedimento.

No período de cicatrização, o local da incisão deve ser mantido limpo e seco, e o curativo precisa ser trocado de acordo com a orientação médica.

Dicas para uma boa recuperação

Recuperar-se de uma cirurgia de LCA pode ser um caminho longo. Por outro lado, existem regras simples que podem  apressar a recuperação, atingindo bons resultados.

  1. Atenção às recomendações médicas

Logo após a cirurgia, o médico dará ao paciente todas as instruções para sua recuperação. Não só isso: ele  também escreverá essas instruções, e tudo que achar que agrega ao restabelecimento do joelho do paciente. A este, cabe atenção total a essas instruções, e o esclarecimento com o médico de eventuais dúvidas sobre processo de reabilitação.

  1. Compromisso com a recuperação

Quem já atravessou processos de fisioterapia sabe que, vez ou outra, podem surgir tentações de faltar às sessões. Não faça isso: o manual da boa e completa reabilitação manda que o paciente só falte quando estritamente necessário, reprogramando de antemão a sessão que perderá.

  1. Fisioterapia

A chave da reabilitação. É ela que vai permitir a retomada da estabilização do joelho e o ganho de força na perna. A rotina de exercícios exigirá do paciente? Sim. Mas cabe à ele  dar o seu melhor na execução das instruções do fisioterapeuta, independentemente do número de sessões que  serão recomendadas. Para casos de LCA, a média de duração da fisioterapia é de dois a seis meses ,atletas costumam voltar ao esporte em até oito meses.

  1. Atenção aos medicamentos

Fator importante e complementar . A medicação prescrita tem que ser seguida, uma vez que, durante a fisioterapia, a dor pós-cirurgia precisa estar controlada, em prol da melhor performance do paciente.

  1. Sono e alimentação

Incorporar proteínas magras e muitos vegetais à dieta na fase de recuperação, assim como dormir bem ajuda na recuperação do corpo e são passos fundamentais no processo pós-cirúrgico de LCA.

  1. Não exagere

Aos primeiros sinais de melhora, a maioria dos pacientes de cirurgia de LCA se sente encorajada (o) em retomar imediatamente sua antiga rotina. Vá com calma: tire toda e qualquer dúvida, por menor que seja, com o medico, sobre atividades físicas, mesmo domésticas, que você pode ou não pode fazer nesse período.

  1. A senha: paciência

Para atletas, esportistas, ou mesmo para os demais pacientes, o período de recuperação pós-cirurgia nem sempre é algo fácil de lidar, psicologicamente falando. Mas seguir as recomendações médicas é a senha para o retorno às atividades regulares em um ano, no máximo. Esse período precisa ser de muita interlocução com o médico, que deve ser alertado ao primeiro sinal de qualquer reação adversa, tais como febre, inchaço persistente, dores anormais, sangramentos ou secreções na incisão.

Dr. Pedro Baches Jorge

Médico Ortopedista, especializado em Joelho e Medicina do Esporte. Fundador do Núcleo de Medicina do Esporte do Hospital Sírio Libanês e Membro do Grupo de Trauma Esportivo da Santa Casa de São Paulo.

Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Trauma do Esporte (SBRATE) e Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ)

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8 – Tratamento do LCA

O tratamento para casos de LCA dependerá da extensão do dano do ligamento e da necessidade individual do paciente

Não é incomum que alguém que tenha LCA consiga levar sem grandes comprometimentos suas atividades cotidianas, mas o risco de desenvolver outras lesões existe. Para atletas e esportistas, no entanto, o médico indicará a necessidade de que se comece o tratamento fisioterapia ou cirurgia assim que possível, para obtenção de melhores resultados.

Em qualquer dos casos, é bem importante que o diagnóstico seja feito rapidamente, para assegurar que não existem fraturas ou comprometimento de outros ligamentos (que não o LCA). Por exemplo: se a pele do joelho se apresentar de cor azulada ou roxeada, pode ser sinal de que vasos sanguíneos foram afetados.

Artroscopia – Cirurgia para o LCA

Não raro, lesões de LCA requerem procedimento cirúrgico de reconstrução. Ou seja, quando a opção é pela cirurgia, faz-se através da artroscopia, um novo ligamento. Para isso, podem ser utilizados tendões do próprio paciente ou mesmo enxerto de banco de tecidos. Até a realização da cirurgia, o médico prescreverá analgésicos ao paciente, bem como indicará outros medicamentos para antes e também para o pós-intervenção. No período próximo à cirurgia, ele suspenderá remédios que possam vir a interferir no bom funcionamento do processo de coagulação sanguínea do paciente, como por exemplo, aspirinas.

Após a cirurgia, o paciente provavelmente enfrentará um período de seis meses de fisioterapia até recuperar toda a função motora do joelho e a força muscular da perna.

De modo geral, as cirurgias reconstrutoras dos ligamentos apresentam bons resultados, eliminando a dor e reestabelecendo a estabilidade do joelho. O período de fisioterapia é importante também para minimizar os riscos de desenvolvimento de artrites no joelho operado.

Prevenção

A estabilização do joelho resulta de uma complexa inter-relação de geometria óssea entre as estruturas ligamentares e os músculos. Portanto, exercícios de fortalecimento muscular são importantes no sentido de minimizar os riscos de lesões no LCA, uma vez que reduzem o nível de pressão nos joelhos em movimentos de impacto.

Sobre o autor

Médico Ortopedista, especializado em Joelho e Medicina do Esporte. Fundador do Núcleo de Medicina do Esporte do Hospital Sírio Libanês e Membro do Grupo de Trauma Esportivo da Santa Casa de São Paulo. Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Trauma do Esporte (SBRATE) e Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ) Clínica SO.U – Unidade Bela Vista R. Barata Ribeiro, 398 - 3º andar - Bela Vista, São Paulo - SP, 01308-000 Tel.: +55 (11) 3258-1706 http://www.clinicasou.com.br

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