Por que devemos ter cuidado com as fraturas de quadril em idosos?
A fratura de ossos em idosos é motivo de grande preocupação e quando essa lesão atinge o quadril, as consequências podem ser ainda mais graves. As fraturas do quadril são um infortúnio que necessita de uma avaliação médica minuciosa para encontrar o melhor tratamento.
Vale a pena destacar que uma lesão dessa natureza está ligada a um conjunto de fatores que podem favorecer esse quadro. Por exemplo, a resistência dos ossos, intensidade do trauma, frequência de tombos e doenças preexistentes, como osteoporose, são pontos de atenção.
Nesse sentido, o médico ortopedista, especialista em quadril, Dr. Marcus Aurelius* esclarece as principais dúvidas sobre fratura do quadril de idosos, com possíveis tratamentos e complicações que podem surgir.
Vamos lá?
A fratura no quadril de idosos pode ser tratada?
As fraturas no quadril de pessoas idosas podem ser tratadas, mas esse encaminhamento necessitará da análise de certos fatores, como explica o especialista Marcus Aurelius: “O tratamento dependerá da gravidade da fratura, da idade do paciente, do estado geral de saúde e de outras condições de saúde subjacentes que possam afetar a recuperação”.
Dentro das opções de tratamento, existem abordagens diferentes que vão variar de paciente para paciente. Para isso, é importante ter a indicação de um médico especializado para avaliar o caso e decidir o melhor caminho.
Veja as alternativas!
Tratamento invasivo
Uma das possíveis abordagens para o caso de fraturas no quadril é a intervenção cirúrgica. Com um procedimento invasivo, em ambiente hospitalar, é possível realizar o reparo do quadril. Entre as opções de intervenção estão a fixação interna de placas e parafusos.
Também é uma alternativa a substituição do quadril danificado por uma prótese artificial, podendo ser parcial ou total. “O tipo de cirurgia escolhido dependerá da gravidade da fratura e das condições de saúde do paciente”, afirma o Dr. Marcus Aurelius.
É necessário pontuar que existem certas contraindicações para tratamentos invasivos, como é o caso de uma intervenção cirúrgica, como:
- condições cardíacas grave;
- condições pulmonares graves;
- coagulopatias;
- infecções;
- alergia a anestesia ou outros medicamentos;
- dificuldades de mobilidade;
- idade avançada.
Veja também:Artroscopia de Quadril: entenda o que a técnica cirúrgica pode tratar
Tratamento não invasivo
Existem casos em que o tratamento cirúrgico não é indicado. Em situações como esta, uma opção mais conservadora pode ser a escolha segura para pacientes com idades avançadas ou com condições sensíveis de saúde.
Os tratamentos não invasivos visam o controle da dor e a mobilização precoce para evitar que o dano cresça ou ocasione um maior desconforto para o paciente. “Abordagem conservadora deve ser exclusivamente empregada diante da impossibilidade total de cirurgia, pois as taxas de mortalidade nos primeiros 30 dias podem ser 2,5 vezes maiores”, diz o especialista.
Para cada caso existe uma indicação mais acertada de tratamento, ela é feita por um profissional da saúde e auxilia no processo de recuperação. É possível existir uma combinação de iniciativas como fisioterapia, terapia ocupacional, dentre outros.
Quais são os sintomas das fraturas no quadril?
Fraturas no quadril podem ter os seus sintomas manifestados dentro de horas ou dias, a depender do grau do trauma. Dessa forma, a dor pode aparecer na região da virilha, parte externa da coxa ou mesmo na região lombar do idoso.
“[O idoso pode ter] dificuldade para se mover ou caminhar, inchaço, hematoma e sensibilidade ao toque”, explica o ortopedista. Contudo, não são todas as lesões que se manifestam com esse conjunto de sintomas.
O diagnóstico precoce e a implementação de um tratamento eficaz pode significar uma recuperação menos dolorosa e com mais efetiva. Logo, também é possível evitar complicações de natureza mais grave.
É possível fraturar o quadril e não ter sintomas imediatos?
Quando se fratura um osso, é esperado que uma dor considerável se manifeste de forma imediata. Entretanto, existem casos em que isso não acontece e pode prejudicar um atendimento inicial.
“É possível fraturar o quadril e não ter sintomas imediatos, especialmente em idosos que podem ter ossos mais frágeis e menos sensibilidade”, afirma o Dr. Marcus Aurelius.
De acordo com especialista, essa situação ocorre, pois a dor da fratura pode ser confundida com uma dor muscular, por exemplo. Não sendo significativa para aquele idoso.
Portanto, ao menor sinal de impacto ou uma dor constante, mesmo que não seja aguda, é necessário procurar um médico para avaliar uma possível lesão.
Veja também: A hora e a vez de falar sobre o Quadril
Como é feito o diagnóstico?
O paciente, primeiramente, passará por uma avaliação de histórico em que ele deve relatar possíveis traumas e um exame físico deve ser realizado. Neste último, o profissional da saúde faz a verificação da presença de dor, inchaço, hematomas ou deformidades na região.
Quando existe uma fratura, é possível que o paciente tenha uma dificuldade para realizar movimentos simples ou mesmo apoiar um peso sobre a perna em questão. Após essa primeira constatação, exames de imagem podem ser indicados, como radiografia, tomografia ou ressonância magnética.
“A radiografia é o exame de imagem mais utilizado para diagnosticar. [Já a] Tomografia computadorizada (TC) e/ou Ressonância Magnética (RM), podem ser realizados se a radiografia não fornecer informações suficientes ou se a fratura for complexa”, complementa o Dr. Marcus Aurelius.
Quais são as possíveis complicações caso escolha não tratar a fratura?
Não realizar o tratamento para a fratura para o quadril pode deixar consequências graves. As principais são:
- dor crônica: se não tratada, a fratura no quadril pode causar dor crônica na região da virilha, coxa e quadril;
- incapacidade funcional: a fratura no quadril pode limitar a capacidade de caminhar e realizar outras atividades físicas;
- risco de trombose venosa profunda: a imobilidade causada pela fratura do quadril aumenta o risco de desenvolver coágulos sanguíneos nas veias profundas das pernas;
- infecção: as fraturas no quadril aumentam o risco de infecção;
- morte: Em alguns casos, as complicações associadas à fratura do quadril podem levar à morte, especialmente em pacientes idosos ou com outras condições de saúde.
Fraturas no quadril em idosos apresentam um maior risco do que em pessoas mais jovens?
Essa categoria de fratura proporciona um maior risco para pessoas idosas por uma série de fatores que influenciam desde o tratamento até a recuperação. Os aspectos determinantes para esta avaliação estão centralizados na fragilidade óssea e condições médicas preexistentes, por exemplo.
“Fraturas no quadril podem pode afetar significativamente a mobilidade do paciente idoso, tornando mais difícil a realização de atividades diárias e aumentando o risco de quedas e outras lesões”, pontua o médico.
Outro risco agravado pela fratura de quadril é o de morte. Em pacientes idosos, a taxa de fatalidade pode crescer significativamente, sendo superior ao número de jovens com essa complicação.
“[Essa realidade acontece] especialmente em casos de complicações pós-operatórias ou em pacientes com outras condições médicas”, afirma o Dr. Marcus Aurelius. Dessa forma, é necessário tratar com celeridade qualquer incômodo ou dor que surja no idoso.
Isto deve ser feito mesmo que não exista um trauma aparente. Assim, é importante identificar o problema e solucionar, o mais rápido possível, qualquer sintoma de fratura. Buscar um cuidado especializado pode diminuir as chances de uma possível complicação de natureza irreversível.
A prevenção é importante?
Antes mesmo de buscar um tratamento, é necessário evitar que o trauma aconteça em primeiro lugar. Existem ferramentas que podem ajudar a diminuir os riscos de lesões em idoso, como a instalação de barras de apoio na casa, principalmente nos banheiros.
Ter uma rotina ativa é uma estratégia para prevenir traumas. Ou seja, o idoso, se possível, precisa frequentar musculação, fisioterapias e hidroterapias, por exemplo.
Também é indicado adaptar a casa para as necessidades daquela pessoa, com rampas, tapetes anti-derrapantes, bengalas e andadores devem ser utilizados, sapatos confortáveis e que não deslize com facilidade, dentre outros.
Veja também: Estalo no Quadril
*Dr. Marcus Aurelius Médico Ortopedista formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2007). Possui Pós-Graduação em Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2011) e curso de aperfeiçoamento em cirurgia de Quadril: Grupo de Cirurgia de Quadril da Santa Casa de São Paulo, Departamento de Ortopedia e Traumatologia (2012). Atuando na área de cirurgia de quadril desde então, atualmente especialista de Quadril da Clínica SO.U e no Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
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