A Lesão por Esforço Repetitivo, ou LER, como o próprio nome diz, é resultado de movimentos ou posturas que afetam principalmente músculos, nervos e tendões dos membros superiores, sobrecarregando o sistema musculoesquelético. Esse quadro causa dor e inflamação, podendo até mesmo alterar a capacidade funcional da região comprometida.
O que pode causar e quem é afetado
De acordo com a Repetitives Train Injury, do Reino Unido, podem causar LER: uso excessivo dos músculos de maneira repetitiva e contínua, uso de equipamento ou máquina que provoque vibrações, como britadeiras, atividades que requerem uso de força, má postura ou área de trabalho que não é ergonomicamente correta, manter a mesma postura por longo tempo, períodos prolongados de trabalho sem interrupção, transporte de cargas pesadas constantemente, pressão direta ou um golpe no corpo e fadiga. De acordo com a entidade, foi comprovado que o estresse aumenta a incidência de lesões por esforço repetitivo.
Assim, podemos listar entre as atividades capazes de causar LER estão digitar, trabalhar em linhas de montagem e de produção executando tarefas repetitivas e dirigir caminhões. A lesão também pode afetar músicos, esportistas, pessoas que fazem trabalhos manuais como, por exemplo, tricô e crochê.
Mulheres representam 85% dos casos de LER: por conta da atividade profissional excesso de peso em bolsas e crianças no colo
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), digitação intensa é uma das causas mais comuns da incidência da LER, sendo a que mais tem contribuído para o aumento do número de casos de doenças ocupacionais. Ainda segundo o ministério, LER / Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são as doenças que mais afetam os trabalhadores brasileiros.
O estudo Saúde Brasil 2018, feito pelo ministério com base nos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), aponta que, entre os anos de 2007 e 2016, 67.599 casos de LER/DORT foram notificados à pasta.
De acordo com o estudo “O Território da Doença Relacionada ao Trabalho: o corpo e a medicina nas LER”, de Marilene Affonso Romualdo Verthein e Carlos Minaio Gomez, em 1997, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) investiu na mudança do nome LER para DORT. Pesquisa à parte, ainda hoje há confusão entre as duas siglas, mas geralmente se considera que a DORT está relacionada a esforço repetitivo no trabalho, enquanto LER pode ser resultado de atividades ou posturas não relacionadas ao trabalho.
Queixas e diagnóstico
As queixas mais comuns são a dor localizada, irradiada ou generalizada, desconforto, fadiga e sensação de peso. Muitos relatam formigamento, dormência, sensação de diminuição de força, edema e enrijecimento muscular, choque, falta de firmeza nas mãos, sudorese excessiva, alodínea (sensação de dor como resposta a estímulos não nocivos em pele normal). São queixas encontradas em diferentes graus de gravidade do quadro clínico.
O diagnóstico é basicamente clínico, mas dependendo do caso, pode ser necessário recorrer a uma avaliação multidisciplinar. O Ministério da Saúde ressalta que a LER instala-se lentamente no organismo humano, sendo que, muitas vezes, passa despercebida ao longo tempo e, quando é notada, já existe um severo comprometimento da área afetada.
Os tipos mais comuns
A LER em si não é propriamente a doença, mas uma síndrome que contempla doenças como Tendinite, Tenossinovite, Bursite, Epicondilite, Síndrome do Túnel do Carpo, Dedo em Gatilho, Síndrome do Desfiladeiro Torácico, Síndrome do Pronador Redondo e Mialgias. Ou seja, o esforço repetitivo causa a lesão que, por sua vez, provoca essas doenças de base inflamatória.
Tratamentos
Depende do caso e da gravidade. Os mais comuns envolvem medicamentos anti-inflamatórios, injeções de corticoides, repouso, imobilização da área afetada, alongamentos, fisioterapia ou até cirurgia em casos mais graves.
Prevenção
No geral, o mais recomendado é manter a postura adequada durante a execução da tarefa e dar uma pausa de preferência a cada uma hora na tarefa repetitiva. É bom lembrar que a LER, embora seja mais comum nos membros superiores, pode afetar qualquer região do corpo sujeita a traumas repetidos. Podem, por exemplo, afetar a coluna lombar ou o Tendão de Aquiles – neste caso, em corredores de longas distâncias.
Como a LER que causa o maior número de afastamentos do trabalho é proveniente de digitação, preparei algumas dicas abaixo para evitar lesões:
- A cada 25 minutos de trabalho de digitação, faça uma parada de 5 minutos;
- A cada uma hora de digitação, levante-se e movimente-se;
- Beba água regularmente ao longo do dia;
- Tenha postura adequada: ombros relaxados, pulsos retos, costas apoiadas no encosto da cadeira;
- Mantenha as plantas dos pés totalmente apoiadas no chão;
- Mantenha um ângulo reto entre suas costas e o assento de sua cadeira;
Sua cadeira deve ser do tipo ajustável para sua altura em relação à mesa de trabalho, e seu encosto deve prover suporte integral para suas costas. O assento da cadeira deve se ajustar a você e nunca deverá tocar a parte interna de seus joelhos – se isto ocorrer, poderá afetar a circulação do sangue em suas pernas. O apoio de braços para cadeira é ergonomicamente questionável, no entanto, se desejá-los, certifique-se de que: os apoios não estão muito próximos ou muito afastados; muito baixos ou muito altos. A cadeira é uma das peças mais importantes na prevenção de lesões, portanto não justifica economizar algum dinheiro e adquirir algo deficientemente projetado;
Não utilize apoio de pulso durante a digitação, pois isso eleva o risco de provocar compressão nos nervos do pulso (Túnel do Carpo); a digitação deve ser feita com os pulsos ligeiramente levantados. Os apoios de pulso são projetados para permitir o repouso confortável de seu pulso durante as pausas;
O monitor do computador deverá estar a uma distância mínima de 50 centímetros e máxima de 70 cm, ou de maneira prática a uma distância equivalente ao comprimento de seu braço. A regulagem da altura da tela deve ser tal que se situe entre 15 graus e 30 graus abaixo de sua linha reta de visão.
Qualquer região do corpo pode ser afetada por LER desde que seja exposta a mecanismos de traumas contínuos. Portanto, a síndrome pode manifestar-se em regiões do corpo como a coluna lombar, se a sobrecarga ocorrer na coluna lombar ou no tendão do calcâneo (tendão de Aquiles), se a pessoa caminha ou corre longas distâncias.
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