A utilização do artroscópio é comum no tratamento de patologias presentes nos joelhos, tornozelos, ombros, punho, cotovelo, entre outros. Afinal, ele permite diagnósticos mais precisos e colabora para o tratamento.
Porém, seu uso não se limita a essas áreas do corpo. Nesse sentido, a sua utilização para fazer exames e tratar enfermidades que estão presentes no quadril é inovadora. Inclusive, essa técnica é fonte de aprendizado para muitos profissionais da área.
Ao longo deste artigo, o especialista em ortopedia e traumatologia, Dr. Leandro Ejnisman*, explica sobre o procedimento, contraindicações e recuperação dos pacientes. Acompanhe a leitura!
O que é a Artroscopia de Quadril?
A Artroscopia de Quadril é uma técnica feita de forma cirúrgica e deve ser executada por um especialista em ortopedia. Ela é um procedimento minimamente invasivo, conforme explica o Dr. Leandro Ejnisman:
“O procedimento é realizado por pequenas incisões (cortes) na região do quadril. O cirurgião insere uma câmera na articulação por uma das incisões, e opera olhando para um televisor”.
As outras incisões são feitas para colocar instrumentos cirúrgicos que são necessários para a execução da técnica. “Na cirurgia para correção do impacto, é realizada uma raspagem do osso excessivo do fêmur e acetábulo, e são dados pontos no lábio acetabular para tratar sua lesão”, exemplifica ele.
Esse procedimento é pioneiro nas cirurgias menos invasivas, tendo em vista que provoca um trauma menor no corpo. Além disso, a recuperação de cirurgias minimamente invasivas é, geralmente, mais rápida e com menos tempo de internação.
É necessário ressaltar que antes da implementação da técnica, o acesso ao quadril se fazia por meio do deslocamento do fêmur e da bacia, também conhecido como luxação controlada. Esse procedimento executado no passado era considerado de grande porte.
Veja também: Plantão #24; Quadril: Prótese e Artroscopia
O que a cirurgia trata?
“A principal doença tratada por meio da artroscopia do quadril é o impacto femoroacetabular (IFA) e a lesão do lábio acetabular”, afirma o médico especialista Dr. Leandro Ejnisman.
O IFA é uma das principais causas de dor no quadril no paciente jovem. Nessa doença, pequenas alterações no formato da articulação do quadril levam a uma lesão do lábio acetabular e da cartilagem acetabular.
Essas são estruturas fundamentais para o bom funcionamento da articulação do quadril. No tratamento da IFA é possível corrigir o problema por meio de uma raspagem, esse procedimento impede que o fêmur e o osso da bacia (acetábulo) se choquem.
Ademais, também existem outras doenças que podem ser tratadas por meio do procedimento Artroscopia de Quadril, como:
- determinados tumores localizados no quadril;
- corpos livres articulares;
- displasias leves
- lesões da cartilagem;
- ressaltos do quadril;
- síndrome piriforme.
Contudo, é indispensável lembrar que apenas um médico especialista poderá avaliar a sua condição e recomendar o melhor procedimento para cada caso. Afinal, apesar de ser um procedimento minimamente invasivo, a técnica ainda possui contraindicações.
Veja também: A hora e a vez de falar sobre o Quadril
Quem pode fazer a cirurgia de Artroscopia de Quadril?
O Dr. Leandro Ejnisman afirma que a maioria dos pacientes atendidos com essa técnica são jovens, de ambos os sexos. “É possível, porém menos comum, realizar esta cirurgia em pacientes mais idosos”, destaca.
Além disso, a artroscopia do quadril é contraindicada para pacientes que possuam um desgaste avançado no quadril, também conhecido como osteoartrose. Nesse cenário, a possibilidade de indicação para o procedimento é limitada.
Ela também não deve ser executada em casos de displasia grave do quadril. “Essa é uma condição onde a cabeça do fêmur é menos encaixada no acetábulo”, elucida o médico especialista.
Como é a recuperação após o procedimento?
Como você entendeu, por ser uma técnica minimamente invasiva e com poucas incisões e traumas no corpo, o paciente, geralmente, recebe alta hospitalar no dia seguinte ao procedimento.
“Na maior parte dos casos é utilizado um par de muletas por 3 semanas. A recuperação é progressiva e depende muito das peculiaridades do caso”, comenta o médico ortopedista.
É importante ressaltar que, habitualmente, o paciente estará de volta às suas atividades esportivas de forma irrestrita por volta de 6 meses após o procedimento.
Mas antes mesmo deste período já é possível iniciar algumas atividades mais leves como a bicicleta ergométrica, que é liberada logo no pós operatório inicial.
Como é o acompanhamento após a cirurgia?
É necessário que seja feito um acompanhamento de pós operatório nos primeiros 6 meses após o procedimento cirúrgico. Essas consultas são necessárias para avaliar a recuperação e a evolução de cada caso.
Esses encontros periódicos irão analisar a liberação do indivíduo para o seu retorno às atividades diárias. “Neste período são realizadas radiografias e avaliações físicas para checar se a evolução do paciente está adequada”, afirma o Dr. Leandro Ejnisman.
Mas, mesmo após a finalização do acompanhamento, é necessário retornar ao consultório do seu médico para uma avaliação após 1 ano de procedimento. Essas medidas são de extrema importância para a verificação de possíveis problemáticas na recuperação.
Veja também: Quadril e atividades esportivas
Esse procedimento cura o diagnóstico?
O resultado final da cirurgia depende muito do estado da cartilagem. Por exemplo, existem pacientes que possuem impacto femoroacetabular e lesão do lábio acetabular, sem lesão da cartilagem, em que existe uma grande possibilidade de plena recuperação.
“Em casos onde o paciente apresenta lesão da cartilagem, a melhora pode ser menos significativa. Porém, os índices de satisfação do procedimento são muito altos, acima de 90%”, comenta o médico.
Ou seja, em determinados casos, após o procedimento cirúrgico existe a probabilidade de ser uma “cura”, com o indivíduo ficando assintomático. Contudo, isso não é possível em todos os cenários.
A avaliação do profissional especialista deve ser criteriosa, e o paciente não deve tardar na busca por um especialista para que não exista um agravamento do quadro.
Veja também: Plantão #29; Inovação, ensino e doenças dos quadris
* Dr. Leandro Ejnisman, é médico ortopedista e traumatologista especializado em quadril pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo
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