Esporte e Atividades Físicas

Musculação na infância: entenda quais os riscos e benefícios da prática

Escrito por:Dr. Jan Willem Cerf Sprey | 5 minutos de leitura

Com a crescente e cada vez mais constante busca por um corpo saudável, muitas pessoas passaram a recorrer às academias para atingir seus objetivos e ganhar maior qualidade de vida.

Cada vez mais novos, crianças e adolescentes também têm buscado pela prática de exercícios físicos, como é o caso do filho da atriz Carol Nakamura, cujo físico foi bastante comentado nas redes, recentemente, após ter uma foto sua publicada pelo pai. Wallace, que tem 10 anos, já apresenta um abdômen bem definido por conta da prática de jiu-jitsu.

Mas existem muitas dúvidas sobre os melhores tipos de treino para cada idade e se existem riscos ao começar na infância. Ao contrário do que se imagina, não existe uma idade mínima ou indicada para o começo da musculação. Porém, são necessários alguns cuidados com as crianças. Havendo interesse, podem iniciar a prática em qualquer idade, mas devem ser avaliadas as capacidades motoras e cognitivas, além de seguir as ordens de segurança. Reforçando que é preciso sempre haver um instrutor ou professor para garantir que os jovens estejam bem assistidos e que a execução dos exercícios seja bem orientada. É observado em outros países, por exemplo, crianças de cinco e seis anos começando as atividades. São raros os casos com crianças mais novas, justamente pela menor coordenação motora e por terem pouca maturidade para se atentar aos cuidados necessários para uma prática segura.

Quanto aos riscos à saúde, a prática de exercícios com carga, seja fixa, solta ou do próprio corpo, pode gerar lesões, assim como nos adultos. Porém, há uma tendência menor de ocorrer lesões por sobrecarga na infância, como distensões e estiramentos. Nessa fase da vida, é mais comum que haja algum dano acidental, que pode ser evitado com um profissional capacitado orientando e auxiliando durante toda a sessão de treinamento, desta forma evitando cargas excessivas e movimentos incorretos.

Não existe uma modalidade mais indicada para cada faixa etária. Isso vai depender da capacidade motora e do interesse da criança. Porém, recomenda-se que:

  • Assim como em adultos, não sejam usadas substâncias que aumentem o desempenho ou esteroides anabolizantes.
  • Antes de iniciar um programa formal de treinamento de força, uma avaliação médica seja realizada por um pediatra ou médico do esporte.
  • Crianças com doença cardíaca congênita complexa (cardiomiopatia, hipertensão da artéria pulmonar ou síndrome de Marfan) devem realizar uma consulta com um cardiologista pediátrico antes de começar um programa de treinamento de força.
  • O condicionamento aeróbico deve ser combinado com o treinamento resistido se o objetivo for benefícios globais à saúde.
  • Os programas de treinamento de força devem incluir 10 a 15 minutos para aquecimento e para relaxar o organismo após o treino.
  • Os jovens devem ter ingestão adequada de líquidos e nutrientes.
  • Exercícios de força específicos devem ser aprendidos inicialmente sem carga (sem resistência).
  • Depois de dominar a técnica de cada exercício, cargas incrementais podem ser adicionadas usando peso corporal, pesos livres ou outras formas de resistência.
  • Treinamento com pesos deve ser sempre supervisionado e orientado por profissionais habilitados.

Ainda, existem evidências científicas suficientes que atestam que a prática de exercícios resistidos na infância, ou seja, que envolvem forças opositoras utilizando cargas progressivas, diferentes velocidades e tipos de movimento, trazem benefícios à saúde, ao condicionamento físico e à performance de outros esportes. Entre esses reflexos positivos, estão:

  • Tendência a se machucar menos ao praticar outros esportes e, quanto acontece, a reabilitação é melhor.
  • Melhor massa óssea futura.
  • Ganho de força muscular.
  • Melhora na composição corporal.
  • Melhora no perfil lipídico (colesterol e triglicérides).
  • Menor chance de desenvolver doenças crônicas, como obesidade, diabetes e pressão alta.
  • Maior autoconfiança.
  • Menor risco de desenvolver depressão e ansiedade.

Enfim, havendo um bom profissional para acompanhar, mantendo o indivíduo bem assistido e monitorando a prática, serão muitos os benefícios a curto e longo prazo, o quanto mais cedo sejam iniciadas as atividades.

Sobre o autor

Dr. Jan Cerf Willen Sprey é especialista em Medicina Esportiva (SBMEE) e Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Especializado em cirurgia do joelho e traumatologia esportiva, se formou em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Mestre em Ciências da Saúde pela Santa Casa de São Paulo e tem pós-graduação em Nutrologia pela ABRAN e em Medicina do Exercício e do Esporte pela UNIFESP. Diretor da Sociedade Paulista de Medicina do Exercício, Revisor da Revista Brasileira de Ortopedia, coordenador do programa de Residência Médica em Medicina Esportiva da Santa Casa de São Paulo e é professor instrutor do Curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Consultórios: Rua Barata Ribeiro 398, 3° andar Rua Bandeira Paulista 716, cj 42 – São Paulo-SP Tel.: + 55 (11) 3258-1706 / 3258-1394 / 96423-5137

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