Quando executada com acompanhamento adequado e de forma correta, é capaz de trazer inúmeros benefícios tanto para a saúde física quanto mental. Porém, em excesso e sem orientação profissional, pode ocasionar um mal que, apesar de felizmente raro, merece a devida atenção: a morte súbita no esporte. Essa geralmente vem acompanhada de enorme repercussão geral e midiática por acontecer, na maioria das vezes, com jovens, símbolos de força e de saúde.
Mas por que acontece a morte súbita? Pesquisas mostram que, em 90% dos casos, ela ocorre devido à doença cardiológica de base não diagnosticada ou, às vezes, não valorizada e tratada. Algumas dessas são a Miocardiopatia Hipertrófica, origem anômala de coronária, miocardite, entre outras. Ainda, pode haver causas determinadas pela idade (infarto do miocárdio) pelo clima (excesso de frio ou de calor) onde são realizadas as provas e pelo uso de drogas ilícitas, como narcóticos e os termogênicos, e lícitas, como anabolizantes e energéticos.
Dois fatores estão conectados para que ocorra a morte súbita: o esporte praticado e a predisposição do atleta. Ou seja, esportes de alto desgaste físico facilitam os eventos médicos e as condições de saúde do esportista podem determinar o aparecimento de problemas patológicos.
Algumas pesquisas norte-americanas muito interessantes detectaram que na maioria (75%) dos casos, os atletas tiveram algum sintoma premonitório até sete dias antes da parada cardíaca fatal. Porém, esses indícios não foram valorizados. Alguns exemplos desses sinais que devem ser observados são tonturas, leves dores no peito durante um treinamento dias antes, palpitações e falta de ar.
Ainda que a possibilidade de sofrer uma morte súbita na realização de atividades físicas seja rara, essa não deve ser um empecilho para a prática, mas um alerta para que se preste atenção aos sinais e procure sempre supervisão profissional. É possível, ainda, prevenir o mal com uma competente avaliação cardiológica com médico conhecedor da área esportiva e das suas nuances ou diferenças, que podem confundir nos exames. Além da condição física do esportista, o local onde os exercícios irão ocorrer também devem ser avaliados com seu médico. Por exemplo, se há interesse em participar de uma maratona durante um inverno intenso, uma pessoa com condição cardíaca mesmo controlada e estável clinicamente deve considerar com o seu médico o risco do exercício numa temperatura tão baixa.
Como médico, eu tive o privilégio de criar a Cardiologia do Esporte no Brasil nos anos 80, exatamente porque nós cardiologistas não sabíamos como relacionar cardiopatias e a prática esportiva de lazer, assim como a profissional. Atletas profissionais nos procuraram espontaneamente para opinar e não sabíamos até onde poderíamos chegar. Isso nos obrigou a estudar e pesquisar até que, hoje, já temos uma pequena, mas crescente e qualificada quantidade de cursos e livros dessa área, disponíveis para os interessados.
Nota da redação: Dr. Nabil Ghorayeb fará o pré-lançamento do quinto livro sobre o tema, CardioEsporte – Cardiologia do Esporte na prática, pela Ed. Atheneu no dia 14 de maio, as 9h, no Instituto Dante Pazzanese.
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